Queixava-se de tudo, até do que ia (aos olhos de todo o mundo) impecavelmente. Os enfermeiros e a catalogadora andavam a ponto de se fartar de tanto queixume, sim, porque, a seu ver, a situação dela até não era nada, se comparada com outros casos. "Boa tarde, senhora, como está a nossa disposição, hoje?". Silêncio. Suspiro dorido. Um olhar à volta da sala, em jeito de denúncia. "Como estou, doutor? Como vou estar?", refilou. "É o que espero ouvir da nossa amiga", responde-lhe, sorridente, o profissional. "Está mal, doutor. É uma eternidade presa a esta cama, que a pessoa até já sonha com o pior". "Não seja por isso, minha cara", minimiza o médico, "é apenas uma perna engessada, quer dizer, seis dias de cama". "Seis dias de cama? Como assim?Ai, e as noites não contam?", protesta a paciente. "Pronto, são seis dias e noites"...
GP 06.01.12 (crónica em construção)
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Olá, amigo!
Fantástica a forma como captou/criou essa cena... espero o resto da crônica! rsrs
Ya, Osvaldo. Um dia termino
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