Foto: gentileza de Edson Tadeu Bastos "Watela", também laureado na categoria de artes plásticas |
Fiquei
à espera que meus amigos me mandassem fotos de ontem da outorga do Prémio
Provincial de Cultura e Artes em Benguela. Devem estar a retemperar as
energias.
Tenho
recebido parabéns por ter sido indicado pelo júri para a categoria de ciências
sociais e humanas, "pelo contributo na divulgação da língua local Umbundu,
na perspectiva das tradições orais, através do conto e das novas tecnologias de
comunicação e informação”. Não tinha a certeza quanto ao que seria a reacção do
público, mas até agora tem sido de encorajamento. A família está sempre perto.
Entre
outros, recebi agradecimentos de Alberto Ngongo por, uma vez mais, dignificar o
Lobito; Recebi elogios por me assumir natural do Monte-Belo, Bocoio (meu
documento diz natural da Equimina, Baía Farta); recebi abraços do bairro da
Santa-Cruz, onde morei entre 1997-2008. Abracei Délio Batista, autor da capa do
“Consulado do Vazio”, meu livro de estreia; abracei o Sr. Grilo, da tabacaria, Avelino
Henriques, meu professor do curso intensivo de jornalismo em 2005. De Lilas
Orlov recebi bom telefonema.
Vários
outros gestos de carinho continuam a chegar, mas julgo que os parabéns pelo
prémio, no meu caso, são fundamentalmente para o júri.
Primeiro,
porque a literatura, ao contrário da música, não é tão fácil de acompanhar. A
divulgação, sendo ainda débil, não contribui para que o público conheça o nosso
trabalho como devia ser. Reparem que o livro de contos "A Última Ouvinte",
editado em 2010 pela União dos Escritores Angolanos, onde está presente a
tradição oral africana, já não existe em Benguela, esgotados que estão os quase
200 exemplares.
Somado a isso, o Jornal Cultura (das Edições Novembro), bem como a Revista Tranquilidade
(do Comando Geral da Polícia Nacional), veículos em que tenho crónica e ensaio
publicados, não chegam ao grande público. Os blogues Ombembwa e Angodebates, onde
partilho o que recolho da tradição oral africana, existem há mais de quatro
anos, mas sabemos bem que poucos angolanos têm acesso à Internet, ou, se o têm,
dedicam atenção à leitura de coisas do género. Em Abril realizei e conduzi na
Rádio Benguela o "Espaço Literatura", meia hora semanal entre o livro
e a tradição oral africana, o qual acabei suspendendo ao cabo de quatro
sessões. Mas não é só isso.
Segundo,
porque, sem deixar de considerar o espírito de equipa e a dimensão do patrono
do prémio, a Direcção Provincial da Cultura, acredito que fez muita diferença,
na minha indicação em particular, o papel de Armindo Jaime Gomes
"ArJaGo" (historiador, docente, escritor, e editor). Como um dia me disse
José Patrocínio, "em certa medida, as instituições não existem, senão em
função das pessoas que as representam".
Estaria
a faltar aos meus grandes deveres não mencionar isso. E continuarei nessa senda
cosmopolita de dar e receber cultura por via da literatura e comunicação
social.
Abraços
Daniel
Gociante Patissa, Benguela 09.01.2013
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