Estava já farto de tantas palestras, reuniões e sei lá mais o quê do programa de visitantes internacionais aos Estados Unidos em Janeiro de 2010. Evadi-me, num dia destes, sem o mínimo remorso até hoje, como sempre faço quando me farto das aulas. Portland (Oregon) é uma cidade muito linda, que continuo desconhecendo no seu todo, do mesmo jeito aliás que desconheço Luanda. Precisava de ir ao Bestbuy comprar um computador portátil, não fazendo ideia da distância a que aquilo ficava. Dirigi-me ao cab, como são chamados os táxis amarelos. Era da Eritreia o taxista, ficando fácil a empatia entre africanos. O homem pergunta-me o destino, ao que gaguejo. Ele logo percebe que estava aí um estrangeiro “perdido”. Enquanto dirigíamos para o sítio, que é bem fora das localidades, o taxista disse-me algo, entre o dramático e o real, que não tenho como esquecer. “Meu irmão, é preciso ter muito cuidado aqui. Não é como nos nossos países, onde o cenário na rua dá a prever já o crime. Aqui é tudo muito calmo, mas de repente algo de muito grave acontece. Os bandidos não são como os nossos, que te assaltam e levam teus haveres. Aqui te estrangulam por nada. Essa gente é doente. Assim é América”.
Gociante Patissa
Gociante Patissa
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