O
Sindicato da Administração Pública, Saúde e Serviços alerta para um cenário de
greve na Empresa de Águas e Saneamento de Benguela (EASB) dentro de duas
semanas, mas há trabalhadores que ponderam fechar as torneiras já nas próximas
horas, antes de uma assembleia, num protesto contra três meses de salários em
atraso.
Este
momento de aperto, reflexo de cortes nas subvenções atribuídas pelo Ministério
das Finanças, que deixaram o Conselho de Administração a olhar mais para as
receitas das cobranças, está a ser aproveitado para denúncias relativas ao
desaparecimento dos subsídios de transporte e de alimentação.
O desabafo de um técnico com vários anos de casa, que viu diluídos os seus
direitos numa gestão que considera estagnada, espelha o sentimento de mais de
quinhentos funcionários.
‘’Tínhamos
tudo em dia, mas desde que este camarada (Jaime Alberto, PCA) entrou… está tudo
estagnado. Perdemos todos os direitos, estamos cheiros de dívidas, tanto para
com os bancos como para com os particulares. Há greve em todas as áreas neste
país, nós também podemos fazer, já agora mesmo’’, avisa o trabalhador, que fala
sob anonimato.
Por seu
lado, o secretário-geral do Sindicato da Administração Pública, Saúde e
Serviços na província de Benguela, Custódio Cupessala, diz ser necessário um
caderno reivindicativo e uma declaração de greve, mas manifesta a sua
solidariedade.
‘’Esta
situação está a criar muitos transtornos aos trabalhadores, que solicitaram uma
assembleia. Primeiro, para renovar e comissão sindical e, depois, para saber o
que pensa a direcção fazer para se evitar a greve. A informação que temos é de
que as subvenções baixaram e não são regulares, mas os trabalhadores dizem que
as cobranças são suficientes para os salários’’, salienta Cupessala.
As
receitas que andam em 100 milhões de Kwanzas por mês, pouco mais de USD 400
mil, quando a massa salarial fica em 80 milhões, mas é preciso ter em conta,
diz um quadro da EASB, que existem custos operacionais para manter a
distribuição.
Membro da
Comissão Sindical, Manuel Puna, criticado por colegas devido a pronunciamentos
favoráveis à entidade patronal, foi indigitado pelo Conselho de Administração
para atender a solicitações da imprensa, mas tem estado incontactável.
Segundo
fonte bem posicionada, o espectro de greve está a ser analisado ao mais alto
nível, com o ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, a par de todos
os desenvolvimentos.
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