“Mas
isso são modos?! Quer dizer, um gajo aqui sossegado (estamos a falar um bocado
alto demais), a discutir assuntos sérios do futebol, com o Sporting lá de Portugal
a cair aos pedaços, e você chega com chamadas de atenção?! Sinceramente, até
não entendo…”
“Repito:
Ó meu caro amigo, eu não estou a gostar nada disso!!!”
“Isso
mesmo já é o tal último azar, palavra de honra! Fiz o quê? Aliás, de onde é que
somos amigos?”
“Para
mim, trato todo o mundo mesmo assim. Homem, amigo. Mulher, amiga. Não tenho
inimigos, não gosto e nem quero… Ou é o que você procura na vida?”
“Desculpe,
mas é mesmo comigo que pretendia implicar?”
“Só
lhe falo uma coisa, ó meu caro amigo. Desapareça do meu caminho, ouviu bem?!”
“Eu?!
O meu senhor não está assim com princípios de ébola nem nada?”
“Olha
que se eu pudesse, abria uma cantina para vender saúde ao governo, percebe?!”
“Estou
já a ficar passado. Vá, diga lá, por amor de Deus. Onde é que eu o incomodo?”
“Eu
quero estar livre, estou a lhe avisar pacificamente… por enquanto!…”
“Mas
como assim?”
“Ó
meu caro amigo, ainda eram sete da manhã quando passei como quem não quer nada
ali pela esplanada do 1.º de Dezembro, e lá estava você em ambiências. Duas horitas
e meia, chego ao Café da Cidade, e lá está você, outra vez, a conviver. Certo ou
errado?”
“Por
acaso, cóf!, cóf!, é verdade.”
“Pois.
Está a ver? Até notou! Eu é que não achei piada. Agora onze da manhã, chego à
Flamingo para apetrechar assim uma coisita no estômago, e quem é que eu
encontro de novo? Você! E não é de hoje. Tenho a certeza que onde eu for
almoçar, o meu amigo lá estará. Se não é na sala, é logo à porta. No cair da
tarde, se a pessoa entende chupar uma lambretinha, o fantasma do meu amigo
certamente… Acha isto normal?”
“Mas
são espaços públicos de reencontrar a malta cá da cidade, pôr a conversa em dia…”
“Eu
quero estar livre, faço-me entender?! Está a aparecer demais no meu
dia-a-dia!!!”
“Isso
parece anedota, ó homem! Aonde é que quer chegar?”
“O
que me faz espécie – e não diga que na escola não aprendeu o mínimo de
geografia – é que os sítios ficam num perímetro poligonal com um raio mediano
de 300 metros, pá! Assim vai dizer que o sabor da cerveja varia consoante o
nome do estabelecimento? A sua garganta regula como então, que na mesma manhã
matabicha em vários bares?”
“Mas
ainda que fosse. Agora as pessoas já não podem chupar democraticamente?”
“Ó
meu caro amigo!, na guerra ou na paz, cada bêbado com o bar dele, cada bar com
o bêbado dele. Isso sempre foi assim!”
“Mas
fique calmo. Não contribuo para o preço do copo subir. Da aguinha não passo…”
“Ainda
mais! Neste caso, anda só a fazer verbo encher nos bares porquê?!”
“Que
mal tem?”
“Ó
meu! Você que só consome água, a sua parada é noutras bandas. É uma ideia… Não
experimenta pausar no pátio da Empresa de Água e Saneamento porquê, né?”
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Gociante Patissa | Benguela, 8 Junho 2018
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