"Ó senhora, eu já falei. Ainda não
sou casado, nunca bati uma mulher. Por isso, me cumpre só, ya? Não me obrigues
a fazer uso de força, estás a ouvir?!"
"Isso é teu problema, ó mano. E eu é
que vou fazer o quê, se as mulheres deste mundo não te aceitam?! Larga mais é o
meu negócio, pá! Vá ser homem noutras coisas, entendeste?!"
"Já que não queres entregar a prova
da infracção, estás renitente, é só subir na carrinha!..."
"Eu?! Tchaaa!!! Nunca!"
"Estás a te confiar em quê?"
"Nós gozamos de imunidades."
"Ó dona, vá, vamos embora, já falamos muito! Voz
de mando! Eu sou autoridade!"
"Oh! Mano, o mano não é fiscal?"
"Ainda perguntas?!"
"Só falta mesmo pouco, vou-te meter nas algemas.
Isso então é desacato!"
"Desacato como?! Te fiz o quê?"
"A senhora estava a fazer pracinha na berma, por
cima ainda a estrada é nacional..."
"Não vamos só falar à toa ainda, mano! Uma pessoa
sozinha assim já vira pracinha?! Afinal se a outra é zungueira..."
"Não, não! A mim não enganas! Já namorei com uma
gaja de Malanje que me ensinou umas quinze palavras de kimbundu. Zungueira
significa mulher que circula, ambulante. Não é o caso. Você estava
parada..."
"Mano, na vossa família andam, andam, andam,
nunca ficam cansados?"
"Por acaso, tens ali o cartão de ambulante para
vender essa ginguba torrada, abacate, mandioca e banana?"
"Não."
"Tens alvará de retalhista?"
"Não preciso..."
"Então gozas de imunidades como?"
"Mão então o meu marido não é chefe de
departamento?! Alguma vez viste no Prado dele último grito algum selo de taxa
de circulação?"
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Catumbela, 17.06.2018
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