“Não são vozes, patroa, é uma senhora só… Está bem frustrada a tal senhora, patroa. O guarda inclusivéé não consegue lhe segurar…”
“Mas qual é o problema para tanta histeria afinal?”
“Patroa, falo mesmo?”
“Claro! Que pergunta mais parva, homem!”
“Ela diz que veio discutir os direitos dela…”
“Mas que direitos são esses?”
“O mano Sentado. É isso… é mulher do mano Sentado. Ela falou que tem certeza que o marido dela está ali dentro de casa…”
"Ai, o problema dela é só mesmo esse?”
“Parece, patroa…”
“Manda entrar a gaja.”
“A SENHORA DEVIA TER VERGONHA! ROUBAR MARIDO, COM TANTO HOMEM DISPERSO?!…”
“Muito prazer em conhecer. Eu sou Nasesa. A senhora como se chama?”
“A SENHORA NÃO ME ENGANA COM ESSES TEUS MODOS, MAZÉ, PÁ…”
“Qual é mesmo o assunto?”
“O MEU ASSUNTO É DA VOSSA POUCA VERGONHA! FICAS ALI, FELIZ DA VIDA, MAS AS CRIANÇAS QUASE ESQUECEM A CARA DO PAI! QUE TIPO DE MULHER É VOCÊ, QUE NÃO CONHECE A DOR DAS OUTRAS? HÔKO, OLHA A CARA DELA... ATÉ PARECE NÃO MENSTRUA!”
“Minha senhora, parece haver aqui uma confusão.”
“CONFUSÃO DE QUÊ, PÁ?! AGORA ENTENDO O PORQUÊ QUE O PADRE, NA CERIMÓNIA DO MEU CASAMENTO, ME DISSE ‘ORAI E VIGIAI’… ERA MESMO A CONTAR JÁ CONTIGO, MINHA BANDIDA!”
“Já que procuraste, agora vou-te responder à medida. Está a ver esta pala de sombra? É o lugar do guarda. Ali onde estás, se faz favor, estás a atrapalhar o lugar do jardineiro. Ah, é uma pena que tenhas os pés empoeirados, senão te mostrava o meu quarto. O senhor Sentado, teu marido, aqui é trabalhador, como os outros. Só que o posto dele é a cama, estás a ouvir?!
GP. Katombela, 14.12.2015
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