sexta-feira, 11 de dezembro de 2015
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» Ano 2004, projecto Rádio Ecclesia. Formandos do estágio intensivo de «redactores, repórteres e noticiaristas» no quadro da abertura/expansão iminente da Emissora Católica de Angola, que mais tarde (sem no entanto emitir) passou a chamar-se Rádio Diocesana de Benguela.
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A mudança de nome terá sido uma tentativa (falhada) de acelerar a legalização da estação de rádio?
Por volta do ano 2000, a Rádio Ecclésia tentou contornar a proibição de transmitir fora de Luanda, alugando tempo de antena num potentíssimo emissor de ondas curtas na... Alemanha! O sinal da emissão era enviado de Luanda para a Alemanha via satélite e da Alemanha era transmitido em ondas curtas para Angola, para cobrir todo o país. Na verdade, não cobria só Angola, mas praticamente o mundo inteiro! E de que maneira! Aqui em Portugal parecia uma rádio local em FM! A Rádio Ecclésia era "apenas" a estação de rádio que melhor se ouvia em toda a banda das ondas curtas, melhor do que a BBC ou a Voz da América!
A emissão era essencialmente informativa, começando com um noticiário e continuando com uma reportagem e/ou um comentário, feito quase sempre por Justino Pinto de Andrade. Aos fins-de-semana havia um debate alargado sobre temas de caráter social. Tudo era feito com enorme profissionalismo, como é timbre da rádio angolana.
Mais tarde, a emissão passou a ser feita a partir de um emissor de ondas curtas na África do Sul, em vez da Alemanha, e a Rádio Ecclésia deixou praticamente de se poder ouvir aqui na Europa. O sinal tornou-se fraquíssimo e cheio de interferências. Talvez por falta de dinheiro, pois o aluguer dos emissores devia ser caríssimo, a Rádio Ecclésia deixou por fim completamente as ondas curtas, voltando ao seu estatuto de rádio local de Luanda em FM. Aqui em Portugal, só pela internet é que se pode continuar a ouvir a Ecclésia. Neste preciso momento está a dar uma peça de música clássica, o Cânone de Pachelbel.
Pois, caro Fernando Ribeiro, a mudança de nome pode ter sido mesmo uma tentativa de se distanciar do passado, considerando que a emissora foi encerrada compulsivamente naquele contexto. Mas na verdade, apesar do discurso oficial de uma certa "auto-vitimização" por parte do clero, há também vozes da sociedade civil, incluindo a de ex-profissionais da estação, de haver outros factores de ordem endógena que são desfavoráveis para o arranque do projecto. Enfim...
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