"Boa noite."
"Ó mãe, é ele..."
"Finalmente! Afinal é você?..."
"Cóf, cóf!"
"Pode ir-se acalmando, filho. Aqui não temos pressa. Quer um copo de água para a tosse?"
"Não, minha senhora, obrigado. Só me engasguei um pouco."
"Tens sorte. Nós andamos engasgados esse tempo todo. É demais! Eu não sei o que o filho faz, mas que a minha filha está com a cabeça no ar, está muito mesmo..."
"Ó prima, repara que ela já tem 24 anos, uma mulher feita, mas nunca na vida se comportou tanto como adolescente sem educação de berço..."
"Estás a ouvir o que diz o tio dela?"
"Cóf, cóf! Estou a acompanhar a explanação, sim, sim."
"Basta só escurecer, a menina sai. Sem despedir. Sem preparar o jantar. Chega de madrugada. Descalça. Pela ponta dos dedos. O filho acha isso correcto? E se fosse tua filha?"
"Eh, isso até..."
"Você, a tal mulher sem juízo, estão a namorar desde quando?"
"Já vai um ano, mãe..."
"E o que é que o filho tem a dizer?"
"Bem, na verdade, digo, quer dizer, é só que, por acaso, não é?, estou atrás dela; ainda não me aceitou..."
"O quê?! Então uma mulher que já dormiu contigo de trás p'ra frente, de frente p'ra trás, você ainda tem a coragem de dizer que não te aceitou?! O filho não acha que tem o fuso horário errado?!"
GP, Benguela. 12.12.15
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