Cada vez que passo pelo edifício do mercado de
Benguela, duas imagens saltam à vista em jeito de paradoxo: (1) Numa altura em
que se obriga o (re)registo dos números, ainda estão cidadãos singulares
literalmente à porta da loja, vendendo precisamente telemóveis da própria
Unitel, concorrendo com esta na lei da kandonga. Ou seja, do jeito que as filas
na loja são vagarosas, nada garante que não se continuem a comprar cartões SIM
na rua. (2) Num outro ângulo, de vez em quando vemos fiscais da Administração Municipal
em missão de desencorajar o surgimento de mercados marginais pelas bermas e
passeios, na lógica de que o comércio ambulante implica movimento. Nesta senda,
vendedoras de frutas e não só costumam ser apanhadas em contramão, a bem do
código de postura, mas... custa entender que tal acção não afecte o outro
submercado de berma, o da venda de telemóveis e acessórios, no qual predominam
os nossos irmãos do Congo Democrático, já que, tal como as zungueiras, consta
que estes também não tributam para o tesouro. É o que nos ocorre, claro está,
sempre abertos à melhor interpretação que eventualmente alguém possa partilhar.
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