Gongo
ou Ngongo? Alguém consegue explicar por que razão o locutor do espaço da
própria Administração Municipal do Lobito, emitido na manhã de hoje pela Rádio
Mais, dizia "Gongo" /gon-gu/? Seria uma espécie de maquilhagem para
poupar a entidade da classe dos "nomes feios"?
Parece
que o trabalho de arrumar a casa no mandato de Alberto Ngongo
Beto deverá incluir a
área de comunicação e imagem. De contrário, seria
pois complicado partir dali a própria confusão na cabeça do cidadão comum, que
até sabe que Ngongo (com as vogais todas abertas), na língua Umbundu, significa
sofrimento e também terra. Uma barreira escusada.
Que
os nossos locutores padecem algumas vezes de um certo complexo de "cultura
superior" quando se trata de pronunciar nomes tradicionais africanos, isso
é já um facto inquestionável. No outro dia, uma competente apresentadora da TPA
teve a "pertinência" de impôr ao interlocutor que encurtasse o nome,
pois era (se não estranho) muito comprido. E fê-lo com aberta risada de
sarcasmo, ainda que breve. Mas desconfio que a profissional tenha levado um
puxão de orelhas pelo intercomunicador, pois a seguir ao intervalo já passou a
empreender algum esforço em "tolerar" o nome do outro.
40
anos depois da independência e com tantos progressos registados enquanto país
soberano, ainda continua uma boa parte da elite intelectual da comunicação com
o preconceito, a tal ponto que se pronunciam com perfeição nomes como /drrogbá/
ou /maiquel jaecson. Entretanto não se padroniza o nome do ministro das
relações exteriores, que quando não é chicote, é chicot ou então tchikoti.
É
estranho que cadeias de informação como a BBC (inglesa) tenham uma espécie de
caderno de estilo, precisamente para padronizar palavras e expressões que não
sejam do domínio da maioria.
O
nosso problema é dever de casa mal feito, ou questão de excesso de maquilhagem
ao microfone só mesmo?
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