"Ligou como que do nada contextual. Bela e firme voz feminina, parecia sorrir, parecia untada de entusiasmo. Era para dizer que o tinha visto. Ele, tentando descobrir quem estaria do outro lado da linha, foi colocando várias perguntas. Em vão, diz ela, eu é que te conheço. Sou irmã da fulana, acrescenta, para uma confusão ainda maior, pois desta fulana o tipo mal fazia ideia. Seguem-se durante dias telefonemas. Dela. Todos. Que vais fazer? Como estás? Planos e tal são os pretextos, não indo por aí além a conversa. Quase tudo muito táctico, como se diria no desporto. Um dia ele liga para retribuir, e ela desata aos berros, protestando: tu não me podes ligar assim, eu tenho marido! Liga-me daqui a 15 minutos quando estiver na universidade. Ele apaga da memória do telefone o número, sem chegar a saber de quem se tratava. Fim".
1 Deixe o seu comentário:
Qualquer semelhança com a ficção é engano
Enviar um comentário