Sua mãe fora doméstica, mulher notória sem paciência para qualquer remedeio que fosse, - excepto no português - tendo dedicado bons anos de sua vida a cuidar como sua a casa do patrão colonial. Dela, a rapariga - quer dizer, mulher feita já, só que de volta à casa familiar por fracasso no casamento - herdou o rigor e o sentido de estética em tudo. Ele, por sua vez, herdou do pai a incapacidade de se manter na cama depois das 6h00 da manhã, mesmo quando caído em desemprego. E todos os dias vai à cidade, qual fundista atrás do pão, quase sempre trazendo no bolso mais uma porta fechada. Outras vezes, poucas por sinal, algo cai do céu para a sua sorte, digo, sua, de dois filhos seus e de mais dois sobrinhos. Quando este dia chega, fartam-se comer, porque a mãe não lhes ensinou a comer calulú sem feijão de óleo de palma. No dia seguinte, está o jejum como condição a acordar com eles. Talvez sobrasse feijão ainda, se o calulú soubesse caminhar sozinho com o funji... Mas como haveriam de justificar a desobediência à mãe, quando chegasse o dia 2 de Novembro e com ele o tradicional reencontro com os finados?
Gociante Patissa (ficção)
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