Depois de o ver insultado e distratado por clientes da mesa ao lado, com ameaças de bofetadas no cardápio e tudo, pela (simples) confusão da destrinça de trocos na conta em separado de quatro convivas, dirijo-me, um tanto paternalista, ao jovem garçom. Ele, que também a meu justo ver não de deixa de ter uma fatia da culpa, pelo facto de confiar na sua falível memória e não usar do bloco de anotações, encontrava-se visivelmente ainda digerindo a situação, a qual enfrentou, qual carneiro, impotente diante de um factor social indisfarçável (a barreira da classe social entre um serviçal suburbano e os clientes daquele tipo de elite que por Benguela grassa, por natureza mais próxima do julgamento do patrão, algures no escritório e alheio à tensão): "Vocês aqui passam mal na mão de alguns clientes, né?" E jovem garçom, económico em palavras, completa: "Mô kota, numvalapena. Aqui até já é só mesmo seguir Samakuva, é só engolir sapos". Pronto, e ainda tem de fechar com meio-sorriso e a costumeira mentira do ofício: "Volte sempre". Ainda era só isso. Obrigado. http://angodebates.blogspot.com/
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