"Desculpa, minha senhora. Assim não pode de entrar…”
“Não posso, como?!”
“Não posso, como?!”
“Do jeito que a senhora está apresentada, é só ler o comunicado da direcção. Por acaso, não mente…”
“MAS ASSIM ESTOU MAL?! ME FALA MESMO, SE CALHAR ESTOU A FICAR CEGA E AINDA NÃO DEI CONTA. ASSIM UMA GAJA ESTÁ MAL?”
“Bem, segundo só a papelada, assim essa blusinha de parto-os-cornos, calções subidos, sinceramente, o comunicado não aprova essa ética…”
“Eu só vou ao ATM, ó senhor segurança!, esse multicaixa que está no corredor, não vou entrar nos escritórios…”
“Mas é isso mesmo. Uma vez que o aviso está na porta desde o ano passado, e outras pessoas já costumam vir aqui e cumprem, então da porta para dentro, do jeito que a senhora está, contraria…”
“Mas esse país também!… Vocês têem de viajar mais, meu senhor! Estão muito atrasados!…”
“Em Portugal ainda a pessoa entra nas instituições de fato-de-banho, quase. Aqui é que vão permanecer nestas leis velhas?!”
“Minha senhora, o documento está ali. Lê só, faz favor.”
“NÃO PRECISO DE LER NADA…”
“Então assim não estou a endender. Mas lá na sua casa não tem regras? As visitas não respeitam as tuas regras? Ainda é só isso que quero saber."
“Seja como for…”
“Então… aqui também é a mesma coisa. É só isso, não tem mais nada… Agora, se a senhora, no meu posto, quer me ensinar o contrário, quer só passar por cima, então não estou aqui a fazer nada.”
“Mas eu não sou vossa visita… Eu venho aqui por causa do meu dinheiro que preciso de levantar…”
“Mas o aparelho está dentro de uma instituição. Ou não é isso, senhora? Não sei se está a acompanhar o meu raciocínio…”
“Ouve cá, ó senhor segurança! Eu sou professora. Além de professora, sou uma pessoa formada, sou socióloga. E sei como funcionam as culturas de cada povo. E posso mesmo falar…”
“Eu só estou a cumprir o meu trabalho… Não venho com as ordens da minha esposa em casa… é a ética…”
“Aié? Ética do jeito que estou não posso entrar, né? Você acha que eu não sei que passam a vida a fornicar mulheres nestes gabinetes e a desviar dinheiros? Estão mais é a dar cabo do país, e isso ninguém trava. Agora, uma gaja a vir do ginásio não pode entrar porque fionko, fionko. Vai à merda, pá.”
“Isso até se a senhora está a discutir comigo, é só já falta de compreensão… Fica mais melhor vir amanhã cedo e refilar na pessoa que autoriza as ordens. Mesmo essa parte de fornicar, como a senhora já é que viu, pode também aumentar na conversa. Porque eu aqui só cumpro…”
“Eu sei. Mas você mesmo e a pessoa que dá essas ordens precisam de viajar mais, ouviste?! VÃO SE LIXAR, MAIS É…”
“Mas lá na sua casa não tem regras?!"
www.angodebates.blogspot.com | Gociante Patissa | Catumbela 20.10.2017
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