O advogado Domingos Chipilica Eduardo e os signatários do litígio que embargou a materialização da “venda” da praia do Pequeno Brasil a privados estão de parabéns. Trata-se de um perímetro contíguo à emblemática Praia Morena, na cidade de Benguela. Jaime Azulay, João Marcos, Francisco Macedo, Isaac Sassoma, Viriato Albino, Felisberto Amado e Paula Russa reescrevem a história de Benguela com a tinta da bravura (desafiando o espectro do ostracismo). Com a providência aceite e o embargo da obra aplicado, fica a esperança de se ter uma justiça actuante, ainda que de forma transitória (já vimos obras embargadas continuarem). Diante da victória do exercício da cidadania, a galinha da gula vê-se contrariada de mandar para o papo o terceiro bago, de um conjunto de cinco (terrenos talhonados na areia da praia) e de pessoas ao que consta bem identificadas, protegidas todavia pelo politicamente correcto. É pois uma providência cautelar com sabor a muito, porque pende a bem do património colectivo a posse da praia e não para um projecto individual de construção de ginásio que, convenhamos, nada para já prova que não pudesse ser implantado em qualquer outra parte da cidade. De qualquer das formas, fica sempre aquela pulga atrás da orelha em função das demais infraestruturas que ali permanecem, também recém-construídas e que padecem dos mesmos vícios, nomeadamente o restaurante e o infantário. A parábola da corda ganha vez, pois partiu-se pelo lado mais fraco, não tendo vingado o protesto quando as primeiras invasões foram ganhando altura sob o guarda-sol do então inquilino do Palácio da Praia Morena, Isaac dos Anjos. Até chegou a haver um simulacro (?) de embargo de obra por parte da Edilidade do meu amigo e antigo formador de jornalismo, o Leopoldo Muhongo (não que sua excelência eu ponha as mãos no fogo pela inocência do homem), entretanto desautorizado pela hierarquia provincial. Se fosse nos filmes, era só inserir no roteiro um tsunami, porque despido de subjectividades, capaz de mandar tudo para os ares (no princípio da igualdade de circunstâncias) e repor a justiça, deixando a praia na versão anterior herdada da era colonial, livre. É que tendo reinado cá durante séculos, as autoridades coloniais mantiveram o espaço longe da ganância e da retórica de um desenvolvimento que não desbrava nem reverte os espaços públicos a favor do bem-comum, antes pelo contrário. Bem, com todo o respeito que a opinião contrária nos merece, deixo claro que não alinhamos naquele "escadote social" com cara de chantagem, o cliché de que os empreendimentos se justificariam porque os postos de emprego salvariam da delinquência jovens desfavorecidos. Not! Ainda era só isso. Obrigado.
www.angodebates.blogspot.com | Gociante Patissa | 23.03.2018
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