“MEUS
SENHORES, VOCÊS DEVIAM TER MAIS JUÍZO, PÁ! ENTÃO, POR CAUSA DE SIMPLES QUASE-COLISÃO
ENTRE MOTA E CARRO, É LUTAR?!”
“Foi
ele, chefe… Até não houve nada de colisão, nem quase…”
“De
facto, digno senhor investigador, o ónus é do cidadão ali…”
“NESTA
FASE DO CAMPEONATO, O PAÍS A TENTAR UM NOVO COMEÇO MORAL, E OS SENHORES FICAM
NO MEIO DA ESTRADA A PRATICAR AS BARAFUNDAS DO PASSADO, IMPEDEM O TRÂNSITO
FLUIR. SÃO MODOS?!”
“Bem,
chefe, eu até sou inocente…”
“EU
QUANDO VI O PATRULHEIRO EM ASSALTO, JULGUEI QUE FOSSE UM CASO BANAL DE RIVAIS
PARVAS QUE EM PLENO MARÇO MULHER DO SÉCULO 21 AINDA SE METEM EM PANCADA POR
CAUSA DE UM HOMEM…”
“Digno
senhor investigador, eu fui empurrado para a circunstância de forma fortuita…”
“MEU
SENHOR! O REGISTO DA OCORRÊNCIA REZA QUE ESTA VOSSA LUTA, FEITO TOUROS, NO EIXO
DA VIA, COM ESTE SOL DE DERRETER CHUMBO, FOI PROTAGONIZADA POR INICIATIVA DO
SENHOR…”
“Digníssimo
senhor investigador, não é bem por aí. Estou em crer que há pormenores que
escaparam à narrativa, mormente os factores que concorreram para a altercação.”
“Ele
só está a afinar bwé, chefe. Me agradiu com força e funhatou até o capot do
carro…”
“MAS
CALA A BOCA, MEU! AINDA NÃO ME DIRIGI À TUA PESSOA…”
“Vou
só calar já… Mas esse tempo que o dólar disparou, importação está gato, estragar
carro do outro assim?! O chefe tem carro pessoal, né? Já viu na representante o
preço?”
“RESPOSTA
UM, NÃO. RESPOSTA DOIS, IDEM.”
“Então
é por isso… Você chega lá, o carro mesmo está na montra, mas meteram o letreiro
RESERVADO. Então mas como é que o comprador não vem levantar?! Tudo truque! Suspenderam
as vendas, a esperar até desflutuamento do câmbio indicar preço bom…”
“SE
PROFERIR MAIS UMA PALAVRA, CAMARADA, VAIS PRESO, OK?!… E O SENHOR DA MOTA, O
QUE TE LEVOU A AGREDIR O HOMEM DO CARRO?”
“Digníssimo,
imagine que vinha eu com a mulher a bordo. O cidadão, ao passar por nós,
faz-nos sinal para parar. E eu, na boa-fé, frenei. Aí diz à parceira o
seguinte: Moça, você não é mulher para andar no kupapata. Vem no meu carro, eu
te levo aonde você quiser…”
“AÍ
O SENHOR PARTIU PARA A AGRESSÃO, CERTO? SENDO ASSIM, ESTAMOS PERANTE UM CRIME
PASSIONAL, ESTÁ BEM?”
“Se
me permite, discordo, digníssimo. Na verdade o foro é mais profissional…”
“COMO
ASSIM?! A MULHER QUE FOI ASSEDIADA NÃO É SUA ESPOSA?”
“Efectivamente.
União de facto. Uma relação iniciada na academia…”
“ENTÃO
JÁ NÃO ENTENDO. O ASSÉDIO NÃO FOI O MOTIVO DA BRIGA…?”
“Ele
me chamou de kupapata…”
“COISA
QUE E O SENHOR NÃO É, CERTO?”
“Nem
um pouco mais ou menos! Podemos estar em trajes casuais, empoeirados e tal, mas
somos diplomados, e bem. Ela Medicina, eu Direito… pese embora mal
reconvertidos. Nesta sociedade, uma médica iria casar com um
kupapata?!”
“MAS
O SENHOR AGREDIU E CAUSOU DANOS PESSOAIS E MATERIAIS…”
“Foi
em legítima defesa! Caso de honra, digníssimo senhor investigador…”
“MAS
HÁ DESPROPORCIONALIDADE DE FORÇAS. VOCÊ DEU GOLPE FÍSICO PERANTE A PROVOCAÇÃO VERBAL…
LEGÍTIMA DEFESA NÃO VAI DAR…”
“Então
considere legítimo ataque, excelência.”
“LEGÍTIMO ATAQUE, NÉ? MAS, DOUTOR, ISSO EXISTE MESMO?…”
“LEGÍTIMO ATAQUE, NÉ? MAS, DOUTOR, ISSO EXISTE MESMO?…”
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Gociante Patissa | Benguela, 03.03.2018
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