Como tenho já dito, o meu exercício de leitura é baseado numa pura questão de gosto/sensibilidade, excepto quando me vejo obrigado a estudar um determinado livro para fins académicos ou ensaístas. No campo da poesia, gosto muito mais da escrita que se aproxima ao provérbio, ao espírito da tradição oral, ou quando os parâmetros de paralelismo e contraste são evidentes. Hoje trago este poema da jovem escritora brasileira Ana Estaregui (1987), cuja enunciação remete o leitor a vívidas imagens, qual fotografia, sobretudo na primeira estrofe, onde a forma de tese é afinal uma metáfora da limitação humana. Eis o poema:
…………..
cha
de
jas
mim
o suicídio
da flor de jasmim
é a menina
olhando a rua
e a estranha
possibilidade
de pular
o gosto da folha
morta,
do chá de flores
seu cadáver vegetal
dá início
a uma primavera
cujas pétalas
são
pura ignorância.
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