Nessa coisa da escrita criativa, temos a
possibilidade de impôr a um ou outro personagem passagens que nos são
auto-biográficas, o também chamado «alter-ego». O meu preferido é «nós aqui só
temos um lema: o nosso trabalho é trabalhar!» do personagem IC (investigador-comandante),
no conto A Morte da Albina, um dos contos que compõem o meu livro A Última
Ouvinte. Move-nos a certeza de que, estejamos onde estivermos, seremos sempre
localizados desde que nos
afinquemos no nosso ofício, que é por vocação «um trabalho mudo», como me disse
certa vez um grande acadêmico e conselheiro. Daí que não me surpreendesse que
só anteontem, ao sétimo ano portanto, me tivesse chegado, por telefone, o interesse
das autoridades administrativas do Monte Belo, minha comuna natal, em conhecer
o escritor que disse na televisão ser dali natural. Finalmente, a comuna que me
viu nascer, que dista pouco menos de 150 km da cidade de Benguela, ouviu
oficialmente falar do meu trabalho. Ao sétimo ano e a caminho de publicar o
sexto livro. Seja como for, «nós aqui só temos um lema: o nosso trabalho é
trabalhar!»
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