
Ao
mesmo tempo, não deixava de passar pela cabeça a ideia de emigrar em busca de
melhores condições de formação, quando um só centavo não dispunha na conta
bancária. O auto-didactismo na aprendizagem do inglês, iniciado aos 15 anos, fazia
sonhar com uma chance de formação em
comunicação num meio de expressão inglesa. Um aventureiro, eu? Talvez. Por vezes,
o único recurso que resta a um sonhador é aquela certeza (estrutural) de que ainda
não se é a pessoa que nascemos para ser nem se está no lugar que nascemos para
estar. Este lugar pode ser cá, pode ser lá. Nunca ninguém o sabe ao certo,
excepto o tempo, que cala sempre ao que a cada um reserva.
Sem
escritório sequer, as reuniões aconteciam na escola Rei Mandume, não poucas
vezes debaixo da árvore, por má-fé da direcção. Era preciso convencer a
sociedade da nossa força interior, mais importante ainda era convencer a
própria equipa internamente. A ADAMA chegou a ser sede provisória, gentileza do
Bráulio (paz à sua alma).
De
entre as mirabolantes ideias, agarrámo-nos à de adaptar para a televisão uma
peça de teatro de minha autoria. A trama envolvia casal de pescadores e uma
criança de rua por acolher, quando a penúria definia o próprio lar. Como
mobilizaríamos nós a produção televisiva? Foi então que batemos à porta do
líder da ONG Okutiuka, Zétó Patrocínio, que pelo projecto (hoje associação)
Omunga fazia um notável serviço na área. Excluída a utopia da TV, ganhámos o
convite para o workshop sobre
elaboração de projectos, visando pertencer à Rede Municipal da Criança de Rua
do Lobito (apoiada pelo INAC e Save the Children) e fomentar o teatro entre
adolescentes. A partir dali a AJS definiu o seu rumo. Da minha parte, tudo o
que vim a ser e fazer depois partiu de tal parceria.


Este é o 3.º relato do Baú, um
encontro com as minhas memórias a rolo.
Gociante Patissa, 16 Julho 2015
0 Deixe o seu comentário:
Enviar um comentário