O músico Robertinho, 61 anos, que viu a situação carcerária evoluir de
detenção para prisão domiciliar, já respira o ar da liberdade desde
quarta-feira (24.04). A decisão é Tribunal Provincial de Luanda, por exceder o
tempo de prisão preventiva, desde Maio de 2018, sob a acusação de tráfico de
droga. Robertinho pode actuar sem restrições no país e no estrangeiro.
Em
declarações ao Jornal de Angola, David Mendes, advogado do cantor, disse que
Robertinho, caso queira ausentar-se da capital do país por um período superior
a oito dias, deve comunicar às autoridades judiciais.
Segundo ainda o advogado nada impede o autor de “Kakinhento” de poder exercer a sua actividade artística, onde for convidado para actuar. “Ele vive da música e nada o impede de continuar a brilhar nos palcos e entreter os admiradores como sempre o fez, com profissionalismo e dedicação.”
Embora
tenha partido do juiz da causa a decisão da restituição da liberdade, o
Robertinho está obrigado a apresentar-se às autoridades judiciais uma vez por
semana.
David Mendes disse que o processo está na fase final, sendo que o desfecho do caso está dependente do número de processos do juiz da causa, aguardando pela pronúncia do mesmo.
Afirmou que haverá a fase de instrução contraditória que foi requerida para tentar aclarar algumas questões não esclarecidas, por existirem elementos bastantes que contradizem a acusação feita pela Polícia Nacional.
David Mendes alerta os artistas e desportistas alvos preferenciais dessas redes de traficantes de droga para “estarem sempre atentos e em alerta no momento do despacho das bagagens.”
Em declarações
sentidas que proferiu à Rádio Luanda, o músico, que aconselha prudência,
reafirmou a sua convicção de ser inocente.
“Realmente,
estou com o meu coração limpo e com a cara erguida. Aconselho as pessoas a
serem prudentes e nunca receber nada de ninguém quando estiverem a viajar”, sublinhou.
Quem é
Robertinho
Fernando Lucas da Silva, natural
de Malange, reside em Luanda desde finais da década de 1960 de século 20, tendo
dado vazão à inclinação pela música no bairro Marçal onde cresceu. Como gostava de fazer playback de músicas românticas,
principalmente as do brasileiro Roberto Carlos, ganhou dos amigos o apelido de
“Robertinho”, que passou a ser o seu nome artístico.
Ganharia notoriedade em 1992, depois de abraçar uma carreira
a solo, gravando o primeiro trabalho discográfico com o músico Eduardo Paím, o
“Samba Samba”, ainda no formato cassete, coroando uma carreira iniciada no grupo
Ébanos, como instrumentista e corista, aos 18 anos, a convite de um amigo.
Integrou, aproximadamente, um ano, o agrupamento Diamantes Negros, como
vocalista e baterista, de 1983-1984.
Realizou a sua primeira digressão
com o agrupamento FAPLA-Povo, em Cuba, representado Angola no Festival Mundial
da Juventude, numa altura em que cumpria serviço militar. Neste grupo,
Robertinho assumia os papéis de instrumentista e corista, juntamente com o
cantor Proletário. Poucos anos depois, os dois passam a vocalistas
principais.
Mais tarde, ainda na década de
80, decide enveredar pela carreira a solo, lançando a sua primeira música,
intitulada “Nguma”, com a banda Os Kiezos, no programa “Bom fim-de-semana”, que
procurava novos talentos, sob a égide do Ministério da Cultura. Já a primeira
obra discográfica, “Joana”, sai a público em 1992, com seis temas,
destacando-se “Joana”, “Samba-samba”, “”Desespero”, “Kalamaxinde” e “Sanguito”.
(*) Com Jornal
de Angola e Angop / Título do Blog Angodebates
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