"Ok, Ok, Ok. Mas assim, resumindo, assim, né?, mais ou menos em poucas palavras, qual é mesmo o problema?"
"Se discutimos com a minha irreval..."
"Neste caso DISCUTIRAM, não se discutiram. Também não se diz irreval. É
RIVAL. Irreval não existe..."
"Mas a minha prima tem... Como assim, irreval não existe?! Então uma
mulher que anda com o teu homem é quê, madre Teresa de Calcutá?!"
"Tem mesmo irreval a sua prima? A senhora tem a certeza disso?"
"Sim. Uma burra só aí... Mas assim então essa dúvida mais saiu de onde, oh
senhor Coordenador do Bairro?! Será que agora mesmo se você e eu vamos ir na tua
casa, a tua mulher também vai dizer que nunca ouviu falar de irreval? Estás só
a se fingir porquê, ó camarada Coordenador?! Ou afinal estamos a falar
chinês?!"
"Tem é rival. R-I-V-A-L. Irreval está errado..."
"Mas irreval é no nosso português angolano, está certo! Não sou obrigada a
falar como brancos lá de Portugal ou do Brasil, cada povo com o seu
sentimento..."
"O problema é esse. Seja qual for o sentimento, irreval mesmo está errado.
Mesmo esse português de 'que na qual', também não existe..."
"Mas a minha prima de Luanda, ainda na semana passada se discutiram com a
irreval dela, e a polícia resolveu. Só aqui na Coordenação é que afiançam as
irrevais?! O chefe parece é mulherengo, que na qual está só a me complicar p'ra
me entrar na mente, né?"
"Minha senhora, olha o respeito!!!..."
"Mas isso afinal é até quando? A pessoa apresenta um assunto de vida ou morte e vocês ainda ficam a se palitar, a dar a pessoa de nada?!"
"Mas a senhora está a ser atendida, certo? Você pensa então que a marcha administrativa é como? Vamos correr?! Haja paciência..."
"Já imaginaste caso fosses enfermeiro? É por isso que muitos pacientes morrem nos bancos de urgência à espera dos enfermeiros que ainda foram peidar ou endireitar as perucas. O lucro é quê? Muitas pessoas estão a apanhar esses cancros aí de câncer!"
"Mas o que vem a ser um cancro de câncer, oh santa gramática?"
"Mas isso afinal é até quando? A pessoa apresenta um assunto de vida ou morte e vocês ainda ficam a se palitar, a dar a pessoa de nada?!"
"Mas a senhora está a ser atendida, certo? Você pensa então que a marcha administrativa é como? Vamos correr?! Haja paciência..."
"Já imaginaste caso fosses enfermeiro? É por isso que muitos pacientes morrem nos bancos de urgência à espera dos enfermeiros que ainda foram peidar ou endireitar as perucas. O lucro é quê? Muitas pessoas estão a apanhar esses cancros aí de câncer!"
"Mas o que vem a ser um cancro de câncer, oh santa gramática?"
"Ó senhor Coordenador, se eu arrebentar aquela gaja com umas cabeçadas,
você e esse teu português de se estranhar é que vão assumir, ya? Assim mesmo avisei! Estás a me confundir,
né? Tipo já, essa gaja, como é do bairro, rua está cheia de lama de chuva,
enfim, lhe dou de nada, né? Achas que não estudei ou o quê?! Sempre tirei de
quinze para cima em português, Ok?"
"Mas a senhora assim vai aonde, se ainda não concluí a... o coiso, digo o
registo da ocorrência que vai determinar se chamo o patrulheiro da polícia ou
não?"
"Vou-te esperar? Vou na polícia e lá trato directamente já com o dono do cão.
Uma gaja ainda fica aí a perder tempo, ah porque irreval não existe?
Miux..."
https://angodebates.blogspot.com | Gociante Patissa |
Benguela, 13.04.2018 - 08.04.2019
0 Deixe o seu comentário:
Enviar um comentário