sábado, 1 de dezembro de 2018

Tchinganji de Benguela escolhido para livro de ensino geral no Brasil

FOTO: EDILSON MANUEL DOMINGOS
Angop | Benguela, 30 Novembro de 2018 - A mítica figura do Tchinganji da província de Benguela (ficção de um palhaço, na tradição local) foi escolhida para fazer parte do livro de história do 7º ano do ensino geral, em 2019, na República Federativa do Brasil, informou hoje, sexta-feira, o autor da fotografia, Gociante Patissa.

Daniel Gociante Patissa, escritor, disse, a propósito à Angop, que a figura foi escolhida pela Editora do Brasil, resulta de um memorando de entendimento sobre as modalidades de uso da fotografia.

“O Brasil pagou pela fotografia do Tchinganji 400 reais, qualquer coisa como USD 100, mas isso é menos relevante, porque o que me anima é o facto de respeitarem os direitos do autor, já que depois de encontrarem a imagem na Internet procuraram pelo autor da fotografia, uma coisa que não é costume em Angola”, afirmou.

Informou que, em Outubro passado, foi contactado por uma pesquisadora iconográfica brasileira, por conta de uma imagem que desejam incluir no currículo do ensino, especificamente na disciplina de história do 7º ano, no âmbito incentivo do estado para o estudo das raízes africanas, promovendo a produção bibliográfica e de temas antropológicos africanos.

Para si, o Tchinganji é uma figura mítica para os Ovimbundos (na região leste do país denomina-se “Muquixe), comportando para essa etnia diversos significados: além do seu papel lúdico, serve igualmente de intermediação entre os vivos e os mortos, bem como simbolizar a preparação do homem para a passagem da puberdade para a idade adulta quando usado nas festas de circuncisão.

Gociante Patissa entrou no mundo de fotografia em 1993, aos 14 anos, com o objectivo de dar suporte aos estudos, mas viria a fazer do ofício um “um passatempo” depois da sua formação em linguística (especialidade inglesa) pela Universidade Katyavala Bwila.

Daniel Gociante Patissa nasceu na comuna de Monte-Belo (Bocoio), em Dezembro de 1978, sendo autor de várias obras: Consulado do vazio (2008), A última ouvinte, (em 2010), Não tem pernas o tempo (2013), Guardanapo de papel (2014), Fatussengóla – o homem  do rádio que espalhava dúvidas (2014), O apito que não se ouviu (2015), Almas de porcelana (2016) e O homem que plantava aves, editado pela Penalux, na cidade de São Paulo, Brasil, em 2017.
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