Seis da manhã. Havia poucos Hiaces na paragem principal. Lutamos, conseguimos e subimos. Cada qual no seu assento. A rádio era a mais. Havia muita conversa animada e berrante. É próprio do mwangolê. Qual era o assunto do dia? Operação resgate! No banco de trás estavam as tias com as suas bacias. Todas iam caular as mercadorias no supermercado para posteriormente venderem…Lamentavam.
Resmungavam. Criticavam tanto, pois não conseguiam arrecadar os 'matondelos' como era de costume. A operação entornara o caldo das vendas.
“Mas tia, vocês também fazem muito lixo, pah!” Retorqui um dos jovens no banco de frente, que acompanhava minuciosamente a conversa das senhoras.
“Oh, moço! Assim está a nos chamari de porcas de mulher?
“Não é isso tia! Mas essa operação valapenas, desculpa não quero discutissão.”
“Oh! Filho, cala só ya! Se calhar nem a tua boxa sabes o preço. São vocês ainda estão sempre na velha.”
Alguns passageiros desciam e outros subiam. E a conversa continuava displicente, a tomar outras proporções. E parece que havia alguém, uma moça linda e fina, no táxi especializado em Prosódia.
“Oh! Jovem…desculpe pela intromissão, não se diz discutissão!”
“Eu já disse embora, não quero discutis são com ninguém aqui no táxi. Fali da operação e acabou.” -Todo com nervos em franja!
As pessoas tentaram acalmar. Porém, parecia um cão com raiva. Nada dava certo! Até o Motorista pediu desculpas por sua parte em nome de todos mas mesmo assim, nada.
Ela não pode me corrigir assim. Eu também estudei e estou na Fau.”
“É por isso! No tempo colonial, nós sabíamos ler e escrever cartas. Hoje só sabem ir nas festas e ficar toda hora nos facebooks.”
Começaram a criticar o ensino moderno que era um chavo. Elas estavam todas combalidas. Como um jovem reassassinava o coitado do Camões. Daí o jovem charlatão pediu que ficava na paragem no portão da Faculdade. Decerto que o mais importante era a saúde naquele momento.
“Assim que o jovem desceu, gritou: Essa moça no podia-me falar assim daquele jeito”. “Ah vai só yah! Discutissão, discutissão.” Ouviu-se uma voz lá dentro do azul branco. A discutissão havia terminado de gerar uma discussão que foi ultrapassada a cada um na medida que descia…
SOBREO AUTOR
Gerson Manuel, vive em Luanda. É formado em Relações Internacionais, professor, cronista, opinion maker, palestrante e produtor artístico, na verdade um amante da escrita criativa desde criança que escreve poemas.
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Muito bem. Força meu irmão o caminho é para frente!
O teu irmão: Leccio Paulo Kissema. Abraços!
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