A
sexta-feira estava com bom aspecto. Ao raiar do sol matinal, a família Sequeira
encontrava-se acordada para mais um dia de vida. A mãe, Ivone Sequeira – uma
quarentona gestora caprichosa de um corpo requintado colorido feito maboque –,
pronunciou as primeiras palavras do seu dia:
– Bom dia, amor!
Hoje passarei a noite na igreja, temos vigília.
– Ok, amor! Ore por mim. – dizia ironicamente o marido.
– Tá bem, farei
isso, querido!
– Eu também chegarei tarde. Esses dias há muito trabalho lá no
serviço...
A
mãe era uma senhora bastante religiosa, maviosa e conselheira. Já o pai – de 48
anos de idade, mussolovela, big,
bumbo, e calvo –, era descrente, mafioso e mulherengo. Desde jovem achava que a
honra e o valor do homem está em conseguir mulher. Para ele, quanto mais,
melhor.
Quando
eram 7:20 minutos, a linda e preenchida sala de estar daquele apartamento era o
espaço do espaço caseiro onde os três membros estavam. A mãe, toda apressada,
deixava o espaço em direcção ao serviço, sem mesmo ter matado o bicho. Ao mesmo
tempo, a filha despedia-se do pai, dizendo:
– Pai, hoje
chegarei tarde. Terei grupo de estudo com as colegas.
–
Ok, filha! Juízo, porta-te bem!
– Sim, pai. Tchau!
Sozinha
em casa, o pai fez uma ligação a alguém, cujo contacto em seu telefone estava
gravado com o nome de “Electricista”.
Depois
das aulas – no IMIB –, a filha, Cristina – moça de 19 anos, morena arqueada,
altura de modelo, dona dumas bundas típicas dos últimos tempos –, foi vista a
entrar no carro de um senhor barrigudo, inundado de cabelos brancos.
Incrivelmente,
quando a lua substituía o sol, o famoso Morena Beach tornou-se num espaço
multifacético: lugar de estudo da filha, local de serviço do pai e de culto da
mãe. Sebastião foi o primeiro a chegar, bem ou mal acompanhado de uma novinha,
uma dessas aí profissionais em roubar marido. Ivone e Cristina entraram quase
ao mesmo tempo, sem, portanto, se darem conta. Depois de aproximadamente 18
minutos, os dois pares de “casais” cruzam-se: mãe e filha avistam-se.
Sebastião, na tentativa de sair com sua nova amante – a novinha Neide, tal
suposta Electricista –, sem querer, junta-se ao espetáculo familiar.
Deu-se
assim um grande escândalo: A mãe divertia-se prazerosa e anti-pedagogicamente
com o professor da filha – esta nunca teve negativa em disciplina alguma, facto
que espantava os demais colegas; a filha andava com o chefe do pai, motivo que
fez o pai ter constantemente aumento de salário; e o pai andava com a melhor
amiga da filha, razão pela qual estava sempre ‘‘distante’’ do lar, pois estas
Electricistas’’ trabalham com pré-pago; sem dinheiro deixam seus consumidores
às escuras.
Glossário:
Mussolovela:
termo umbundu que quer dizer alto, comprido;
Big:
expressão inglesa que significa grande, volumoso;
IMIB:
acrónimo de Instituto Médio Industrial de Benguela.
SOBRE O AUTOR
Júlio Novady Dimas Teixeira é um jovem
benguelense que adora e sempre adorou escrever, pois desde cedo já brincava com
as palavras. É filho de um médico contador de histórias e de uma professora de
Língua Portuguesa. Seu maior sonho é ser escritor, razão pela qual fez Língua
Portuguesa/EMC na EFP-Benguela, e actualmente frequenta o ISCED, especialidade
de Linguística/Português.
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