Não vou dramatizar
Vou deixar minha alma falar
Vou sincronizar as antenas
Da minha estação
Sentimental
Vou dar a notícia matinal,
Não vou xinguilar,
Vou-me equilibrar.
Vivemos como se tivéssemos
Donos
Nossas vidas são expostas
Como fardos
Estendidos nos cabides das
Praças.
Somos despidos.
Levam nossas esperanças
Os nossos assaltantes
Usam fatos e
Gravatas
Ai de quem reclamar lhe
avançam
A verdade dói.
Ai de quem falar demais!
Há gente grande querendo
Calar a nossa voz
Até parece que nascemos
Para sofrer!
Quem nos vai acudir?!
Temos medo de sucumbir.
Vivemos de esmolas,
Comemos migalhas
O lema é chorar por dentro
E sorrir por fora
Hora bolas…
Estamos a engordar com
Mentiras,
E promessas jamais cumpridas
Clamamos por justiça
Queremos justiça…
Grita o povo sofrido!
Aonde vamos parar?
Vou deixar minha alma falar…
Nem tudo eu vivi
Meus antepassados viveram com
Medo da
Guerra
Da fome
Da miséria
E alguns até morreram.
Meus irmãos
Eram chamados
De refugiados
Procuravam abrigo em cada
Cubico.
A vida era correr com as
Crianças no dorso
E viteles nas cabeça
Falavam sobre esperança
Nos discursos banais
Que sabiam a bálsamos
O terror espalhava-se
O caos aumentava
E perder foi virando rotina
E os gritos de dor!
Ah! esses eram ouvidos
Não dava para ignorar
A miséria assolou
A nossa terra
A dor envelheceu o rosto
Dos jovens e também
O das crianças
Os olhares eram o puro reflexo
Do sofrimento sofrido
Veio a paz,
Agora vivemos a kitota
Da igualdade
Que maldade!
A história não acabou,
Está escondida no olhar,
Nas cicatrizes,
Na alma e também no
Silêncio
Nem tudo eu vivi,
Mas senti, nas histórias que ouvi.
Marta Teixeira
Lopes
SOBRE A AUTORA
Marta Teixeira Lopes, de Nacionalidade Angolana, tem 29 anos de idade, residente em Benguela, município da Catumbela. Licenciada em psicologia da educação, pela universidade Katyava Bwila. Professora, palestrante e formadora de opinião pública.
0 Deixe o seu comentário:
Enviar um comentário