Entrevistador (TVM de Macau, programa A Páginas Tantas): “Recusa também, com insistência, o rótulo de romancista. Diz
sobretudo que é uma boa ouvinte e que, a partir das histórias que ouve,
torna-se uma longa contadora de histórias. Porquê a recusa deste estatuto de
romancista quando tem uma obra traduzida pelo mundo todo?”
Paulina Chiziane (escritora moçambicana): “Eu acho que o mundo está habituado a pôr rótulos em todas
as coisas. Nós queremos liberdade, mas as pessoas nos rotulam. E a partir do
momento em que a pessoa é rotulada de alguma coisa, tem que pertencer a esse
gueto. Romance é algo europeu, pelo menos veio com os europeus para o nosso
país, faz parte da academia europeia. Eu sou africana, contacto com o romance,
sim. Agora, se eu aceito ser romancista, eu tenho que cumprir com as normas do
romance, e eu não quero. Eu quero escrever em liberdade aquilo que me dá na
cabeça. Porque se eu me apresento ao mundo como romancista, as pessoas vão
querer cobrar de mim aquilo que são as regras de um bom romance. Estou a fugir
das regras, é só isso.”
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