Em 1988/9, a frequentar quarta classe, passamos
boa parte do nosso tempo a assistir aos treinos da equipa de futebol da
Académica do Lobito. Isso permitia ter uma ideia precisa do valor das estrelas.
Havia um atleta (cujo nome não cito, por respeito à sua alma) que representava
a chama da festa, tal era o faro de golos. E no final de cada jogo, nós, sem
dinheiro para sentar na bancada, descíamos o morro
aos montes para dentro do campo, eufóricos para lhe abraçar e fazer do seu nome
uma espécie de hino. E não faltavam casos de adolescentes que voltavam para a
casa com dores das cotoveladas do atleta. Aplicado o paradigma em
diversificados contextos, dá para assinalar que hoje, como ontem, cá, como lá,
as celebridades costumam ser, no seu mais clássico reflexo, indivíduos que nós,
o povo, escolhemos em função de suas habilidades, publicitamos ao ponto de
fazerem parte dos nossos orgulhos colectivos e pessoais, o que dá lugar ao direito
de nos tratarem com desprezo e agressões morais diversas. Tal paradigma não
seria, todavia, certo se não houvesse excepções. Bom dia.
Gociante Patissa, Benguela, 24.04.2014
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