Miradouro da Lua |
“Vocês
têm quarto?”
“Sim,
temos.”
“O
mais barato que tiverem.”
“Quatro
mil.”
“Pode
ser este mesmo."
“Para
quantas horas?”
“Para
sair amanhã.”
“Ah,
não é esse preço.”
“Então
quanto é?”
“Pensei
que é só para horas.”
“Não,
vou sair amanhã, como disse.”
“São
14 mil kwanzas, incluindo o pequeno-almoço."
“Pronto,
seja como for.”
“Pode
pôr o carro na esplanada, é onde estão os quartos.”
“Vou
pagar para ir de uma vez.”
“Ah,
o senhor está acompanhado e não quer que a gente veja a dama, né?”
“Não,
por acaso não estou.”
“E
vem mesmo dormir sozinho no Hotel?”
“Sim.”
“Está
a trabalhar?”
“Não,
sou turista. Vou dormir e penso seguir amanhã para o Bengo e depois Uíge.”
“Fulana,
ouve essa. O senhor está a mentir. Quem vai dormir num hotel, hoje mesmo, DIA
14, dos namorados, sozinho?”
“Estou
a dizer.”
“Mas
vai fazer o quê no Uíge, terra dos meus pais?”
“Vou
conhecer. Minha missão é visitar lugares, fotografar e divulgar.”
“Então,
é trabalho, não?”
“Quer
dizer, eu tenho um emprego onde recebo salário, mas gosto e posso fazer outras
coisas, sem ser por dinheiro”.
“Então,
é um trabalho espiritual, tipo da igreja, né?”
“Pronto,
agora posso ver o quarto?”
“Sim, mas aqui é raro. Esses quartos todos mesmo, é gente que vem curtir. Há clientes que nem vêm no refeitório, escondem, deve ser mulher alheia. O senhor é o primeiro que ocupa quarto, sozinho, não vem curtir nem trabalhar, é só mesmo tirar fotografias.”
“Sim, mas aqui é raro. Esses quartos todos mesmo, é gente que vem curtir. Há clientes que nem vêm no refeitório, escondem, deve ser mulher alheia. O senhor é o primeiro que ocupa quarto, sozinho, não vem curtir nem trabalhar, é só mesmo tirar fotografias.”
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