Rex (Nigéria) e Patissa (Angola) à mesa do matabicho no Washington Marriot |
Entre
Luanda e Newark residem umas 14 horas úteis de voo, acabando metade deste tempo
gasto ainda na rota de escala, via Lisboa. Somam-se a isso duas horas de ligação,
as quais no meu caso foram agradáveis com cicerone de luxo, de quem ainda
ganhei um par luvas pretas.
O
entusiasmo de conhecer América, ainda por cima com todas as despesas
patrocinadas pelo Departamento de Estado e o Programa de Líderes Internacionais
Visitantes, não suplantava o desgaste a todos os níveis, desde as nádegas
anestesiadas de tanto sentar, o choque térmico entre o calor da banda e o
inverno pelo caminho, as bruscas mudanças de paisagem, a língua, os fusos
horários que alargavam cada vez mais o comprimento das horas do dia, a
preocupação em achar o lugar marcado no bilhete para sentar, a comida, enfim. Tinha
pela frente ainda mais três horas de voo para aterrar em Dulles, Washington-DC,
isso há três anos.
Já
pouco, ou quase nada mesmo, me apetecia, quando a hospedeira passava com aquele
carrinho de víveres e me consultou sobre o que queria beber. Farto da típica variedade
de refrigerantes, respondi-lhe, lacónico: cold
milk, please!
Conhecendo
a tendência americana da preocupação com a reputação, diria que a hospedeira
não foi a tempo de esboçar aquele discurso floreado em jeito de negação. Era escusado
pronunciar a palavra NÃO, de tão evidente na expressão facial. Trabalho também
em aviação, e sei que em certas circunstâncias, o humano escapa na reacção do
profissional. Sorri e lhe disse que estava tudo bem.
Recuperado
o controlo da situação, assegurou que havia leite apenas para misturar com chá
e café, não serviam um copo inteiro. No problem,
tranquilizei. Uma vez servidos os passageiros sem que um deles se lembrasse de
pedir leite, ela veio ter comigo. Desculpa, o senhor ainda quer leite? Sorri outra
vez. Sim. E lá trouxe um pacote que dava para um copo e meio, para meu agrado. I am truly sorry about that,
desculpou-se ela, acrescentando que era a primeira vez que lhe pediam leite
gelado. Thanks.
A Cristina bem dizia, num desses bate-papos
cibernéticos, que o ser humano é dos mamíferos o único que continua com leite
depois do desmame (ao que acrescento, com pequenas doses de café para fingir
que não, como no galão).
Gociante
Patissa, 30 Janeiro 2013
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A história estä engraçada!
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