O anúncio foi
oficializado à saída de uma reunião de proclamação que teve lugar na Mediateca
de Benguela, no dia 07 de Março. Ao fim de três anos de actuação entusiasta por
Benguela, o Movimento Lev'Arte perde os mais influentes membros, que agora
surgem com a Associação Literária e Cultural de Angola (ALCA),
apresentada como movimento literário.
A lista de
dissidentes inclui nomes como Efraim Chinguto, Américo Chikete, Vilma
Kapingala, Jorge Dudas, Valdemar Hossi, Alexandre Silivondela, só para citar
estes. "Foi bom termos servido durante três anos todos e todas, sobretudo
alguns. Agora, os esforços da Arte e Cultura serão redobrados com a ALCA",
dizem. Na verdade, há muito que as coisas não iam bem entre a direcção central
e o núcleo provincial. É certo que a distância entre Benguela e Luanda não
costuma facilitar a comunicação nem a supervisão, nascendo nesta lacuna
incompreensões e desvios ao perfil traçado.
Fontes ligadas
à direcção central lamentam uma certa tendência de "colagem" a
agendas políticas, o que em si desvirtuaria o sonho do Movimento que se define
como apartidário, a par de uma postura de desrespeito hierárquico. Do lado de
cá, as nossas fontes acusam a direcção central (proeminência para Kardo Bestilo
e Kiocamba Kassua) de dar primazia excessiva a aspectos disciplinares, quando
outros programáticos acabam ficando sem efeito pela demora na aprovação
superior.
Um emissário esteve recentemente em Benguela onde se desdobrou em contactos no sentido de recrutar um substituto do seu representante, Efraim Chinguto, tarefa que, ao que consta, não surtiu efeitos, ou pelo menos não os desejados. Foi então que se cooptou internamente um possível substituto, o jovem que se apresenta como Euclides Levarteano dos Santos. Apercebendo-se disso, integrantes da direcção local denunciaram via Facebook o que qualificaram de traição e uma ascensão baseada na bajulação, argumentando que a pressão que levou à rota de colisão almejava uma melhoria na estratégia de funcionamento e que beneficiaria a todos os membros.
Ainda não nos foi possível ouvir a reacção do Lev'Arte central, o movimento que tem estado a crescer com abertura em diversas províncias, além de ser o parceiro do programa governamental "Ler Angola", na leitura porta à porta. A ruptura está consumada. O futuro do Lev'Arte é agora uma incógnita, o da ALCA também. Tudo o que para já existe é o efeito novidade e a confiança de quem lança uma nova jornada.
Cá estaremos
para apoiar, tanto os que partem, como os que ficam. Até lá, que a ruptura
traga inovação e que a poesia vá um pouco além do espectáculo, da declamação
aparatosa e do culto ao eu através da auto-promoção. A literatura pode muito
bem abraçar também entre a nova geração a sua dimensão de oficina de
aprendizagem, auto-superação e crescimento do sentido de cidadania.
Gociante Patissa, Benguela 08.03.15
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Realmente os factos narrados pelo mestre Patissa, mostram realmente aquilo que se passou.Quanto algumas alegações que o Lev arte dá sobre Efraim Chinguto, são seriamente falsas, pois já discutimos quando criamos a ideia de trazer o mesmo aqui. Eu Efraim Chinguto conheci o Lev Arte nos encontros com a Juventude. Como partidário. Uma Coisa é ser partidário a outra seria direccionar o Lev arte para um Partido.
Quanto a data desta Publicação.
Compreendo o teu ponto, caro Efraim. O tempo vai resolver as diferenças e mostrar caminhos. Aquele abraço
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