Finalmente tenho em mãos o exemplar autografado de OLUKWEMBO, álbum de estreia do mano NDAKA YO WIÑI, afrojazz e reinvenção da tradição musical Umbundu, recém-lançado, para já uma proposta para a caminhada pela música angolana com alguma consistência e substância cultural. Natural do Lobito, província de Benguela, com vivência nas províncias do Huambo, Cabinda e ultimamente Luanda, onde reside, o músico adoptou para se identificar o icónico nome artístico @Ndaya Yo Wiñi, que na língua Umbundu significa a voz do povo. Ouvi-lo é brindar os ouvidos com momentos de descanso ao entulho em que se tornou a nossa música urbana, que cada vez mais se perde quanto aos pressupostos elementares da música como arte para se encaixar na oca, redundante e obscena lei de mercado do showbiz, tão poderoso no lobby, lançando para a sombra o que ainda restava de legado das décadas anteriores e quem insiste em produzir estética, rítmica e tematicamente para ouvidos mais exigentes. Ndaka, para a nossa sorte e a das gerações vindouras, (ainda) não se rendeu a cantar "mamawé, tou a sofrerié/ me cuias malê", o que faz dele um revolucionário que rema contra a corrente.
Gociante Patissa
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