Estive recentemente no bairro da Pomba,
subúrbio poeirento pendurado na Zona Alta do Lobito, para (mais) uma ocasião de
infelicidade. Lá reside o núcleo da minha família materna, que é das bandas da
Kanhãla, Ekovongo, Ebanga, confluência de Bocoio e Ganda.
Na hora da despedida
perguntaram-me se tinha chegado a visitar a foto do tio José Samuel que, como já em tempos referimos, foi filho de Samuel Ferramenta Kapiñala (morto na guerra pós 1992), primo-irmão de Gociante Kapinãla (que faleceu por
doença em casa de um dos filhos de Ferramenta, Isaac Samuel). Desta vez tive de
o fazer.
Posto no colégio público José Samuel, sito no bairro da Lixeira,
expliquei ao guarda em serviço que ia por motivos familiares para ter foto da
foto do tio que dá nome àquela instituição de ensino. Era já fora do horário
normal do expediente, pelo que me foi facultado um não. Instantes depois
aparecia um senhor da área pedagógica que se comoveu e autorizou a entrada.
Contou-me que a fixação do retrato logo à entrada resultara da boa-vontade do
director da Escola, José Raimundo, que fora compulsar os arquivos do comité
municipal do partido Mpla e que de sua iniciativa mandou lapidar a placa de
mármore.
Ainda desconfiei que o camarada director deverá ter algum parentesco,
pois o que menos se vê é empenhar-se em preservar a memória de "heróis
pequenos", num país reconciliado que mais facilmente eleva carrasco ao
patamar de "nacionalistas" e lídimos fazedores de opinião, por mais
controversos que sejam na sua acção e verbo. José Samuel, que dá nome ao
terreno adjacente ao banco de fomento da zona comercial (28) e ao comité do de
acção do Mpla ali também, para além da escola da zona alta, foi abatido em 1975 no calor da rivalidade com a Unita, sem nunca se ter levado os autores morais, bem
conhecidos por sinal, à justiça. Assim sendo, gratos, senhor director. Ainda
era só isso. Obrigado. Daniel Gociante Patissa | www.angodebates.blogspot.com
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