Há 13 anos, era preciso escalar a bancada deste
campo de futebol para se ter um mínimo de sinal de rede no telemóvel e assim
falar com a família, deixada no litoral. Acabo de regressar de um fim-de-semana
que se pretendia turístico na província do Huambo. Sempre que ali me desloco,
faço questão de visitar o município da Tchikala Tcholohanga, que faz parte da
minha história profissional a partir daquele mês de Outubro do ano de 2005
quando fui contratado pela ONG internacional inglesa, Save The Children UK, para o posto de assessor da líder de equipa
na pesquisa qualitativa em grupos focais sobre Crianças Órfãs e Vulneráveis,
coordenada pela australiana Susan Dow. Era até então o salário mais alto da
minha vida (1600 USD, mais hospedagem e alimentação). Foi um contexto de miséria
particularmente difícil de testemunhar como pesquisador, tendo entre o grupo
alvo angolanos retornados da Zâmbia que não tinham literalmente nada para
conseguir sobreviver, numa altura em que o PAM (programa alimentar mundial)
dava por terminada a sua missão de assistência humanitária. Às vezes visito o
passado para não me perder de quem sou e assim valorizar cada sacrifício por
que passei para cada conquista nesta vida, digo naturalmente, sem nunca
precisar de forçar nada nem usurpar o mérito de ninguém em busca de
auto-aceitação e impor visibilidade social. Ainda era só isso. Obrigado
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