Conforme tinha sido anunciado aos vivos e aos
extraterrestres, hoje era o tal dia muito esperado para a reunião na
CESPU-Benguela sobre o lançamento do curso de pós-graduação com acesso ao
mestrado em Gestão Estratégicas de Recursos Humanos.
Tirando só mesmo o par de beijinhos que sua excelência eu
ganhou de um emotivo reencontro de anos bwé (com uma daquelas fulgurantes paixões
sucumbidas nos tempos de ingénua pré-juventude e
que, como sempre talhados a bons perdedores, esperamos
que a vida seja generosa e lhes faça felizes, seja nas mãos de quem for)… tirando
só isso, a reunião foi uma seca, como diria o bom do português, pelo tema, pelo
tom a roçar o sobranceiro e por se passar ao lado da expectativa.
A prelectora, bem articulada
e de sensualidade comedida, teve uma audiência de quase quarenta
"doutores", se não mais. No caso de sua excelência eu, sabedor de bom
bocejar em ambientes pardos, esperava uma resposta concreta, aquela referente ao
não reconhecimento (ainda) pelo Estado Angolano dos certificados da
Universidade Portucalense via CESPU (regime semi-presencial com docentes vindos
da Europa), por, diz-se, a instituição intermédia, que reivindica (em audível
tom da sua esbelta directora) um inquestionável reconhecimento e prestígio ao
nível internacional, afinal não ter aprovação do INARES (organismo do
Ministério angolano do Ensino Superior).
Uma hora e a sessão de
esclarecimento não esclareceu quanto a ter havido algum esforço administrativo para
aproximação entre a intermediária de origem portuguesa e as autoridades que
validam o que é substancial, o grau académico no mercado mwangolê. Qual seria a
lógica de gastar neurónios e pecúnia por um certificado de enfeite?
Mas é como tudo. Entre
cépticos e optimistas, a marcha do tempo segue e os dados estão lançados, digo
actualizados. Para a pós-graduação, USD 9.970,00 o curso, ou 12 parcelas
mensais de USD 850,00, a serem pagos ao câmbio do dia. A taxa de inscrição, não
reembolsável, como fez questão de sublinhar a responsável, está só pelos
módicos AKZ 50 mil. Mas como é sempre o dedo da ferida no pé aquele que por
ironia mais tropeça, o curso pretendido por sua excelência eu, este, tem o arranque
condicionado ao surgimento de 35 candidatos, de inscritos mesmo é que patina pela
metade da cifra.
Ora, por todo o exposto, já
liguei para o tio por afinidade chamado Donaldo Trampo, lá na Branca Casa, a
respeito da decisão, só que a secretária informou que ele, o tio
pato, não podia atender à sexta-feira, que nesse dia ele renova a fórmula
oxigenada de tingir os cabelos.
Mas deixei recado. Tio
Trampo, vê se metes ali uma bolsazinha por cunha naquele mambo de Fulbright e
tal, já que estamos a mijar nessa comuna chamada ordem mundial. Porque do jeito que as coisas vão, entre dois males, não sei se é déjà-vu ou quê…
mas o tio já ouviu falar da sorte da flecha que sai torta, né? Assim, fico só
com o meu já inquestionável grau académico. Ainda era só isso. Obrigado. E
assino já, já: Mestre em Ciências Tentadas.
Gociante
Patissa. Benguela, 17 Fev. 2017
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