Yosefe Muetunda |
Aconteceu com uma jovem que é minha grande amiga.
Acredito que ela vai ler a publicação e, se tiver coragem, vai denunciar a sua
identidade.
No segundo mês de namoro, achou um contacto gravado no
telefone do namorado com a inscrição "amor da nha vida".
Um dia depois, ao querer saber mais, encontrou uma
mensagem recebida, com o seguinte breve teor: "hoje, à noite, pode
ser?"; e outra, enviada, a ripostar "é claro, adoraria!".
Sem se exaltar, silenciou-se por dois dias. No
terceiro, sorrateiramente, leu mais uma breve conversa: "ontem, querido,
esforçamos muito"; "eu quase arrebentava, querida, pois os métodos
não funcionavam"; "nas noites seguintes vamos moderar";
"ainda bem, assim resisto mais". Ela copiou tudo, transcrevendo com
fidelidade na sua agenda. Nada zunzunou, por mais de três dias.
Num outro, enquanto eles aproveitavam a noite para
refrescar os ânimos, com beijos e orações, quando o sol estava morto, o
telefone dele apita. Ela, que já andava a acumular, arranca-o e, do mesmo
contacto, leu a mensagem: "Então, amor, não queres exercitar mais
comigo?"
A estrebuchar, quase bate o dispositivo na parede mais
próxima, não fosse a intervenção do parceiro estratega. Desmontou-lho das mãos.
Ao ler, sorriu ironicamente e disse:
— A minha mãe está a dar-me explicações de Matemática
para testar na UAN. É sempre à noite, quando ela vem do serviço. Acho que devo
ir.
E ela ficou toda envergonhada, à procura de um jazigo
para pôr o corpo. Morria de ciúmes pelas mensagens da sogra.
Yosefe Muetunda, Luanda, 17.02.2017.XXI.23h49
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