O encarceramento de intelectuais na Turquia e na Síria,
bem como a necessidade de uma Europa que faça da diferença dos povos um motivo
de fortalecimento das relações, dominaram os discursos de abertura oficial da
Feira Internacional do Livro de Frankfurt, na Alemanha. Testemunhada por mais
de duas mil pessoas, a cerimónia teve lugar esta terça-feira, 18/10, no
edifício de exposições denominado Messe e foi prestigiada pelas presenças da
rainha Mathilde, da Bélgica, e do rei Willem-Alexander, da Holanda.
O presidente da Associação Alemã de Editores e Livreiros,
Heinrich Riethmüller, teceu críticas ao que qualificou de papel passivo da
legislação em proteger o sector do livro. Em seu entender, tal quadro leva a
uma apatia perigosa do panorama literário na Alemanha. Não escondeu uma certa
desilusão, já que várias tentativas junto da classe política, segundo disse,
não têem produzido resultados palpáveis.
Por outro lado, Riethmüller denunciou a prisão da
romancista turca Asli Erdogan, juntamente com outros 20 jornalistas, acusados
de participarem na tentativa de derrube do presidente Tayyip Erdogan. E de
críticas nesta matéria não é tudo. O presidente do Parlamento Europeu, Martin
Schulz, não perdeu a oportunidade de fazer campanha contra “líderes e
candidatos populistas”, cujo discurso promove o ódio.
Várias outras intervenções seguiram a mesma linha, com
realce para a reparação de erros históricos cometidos por uns povos contra
outros. Para sublinhar o quanto a união é possível, recordou-se o gesto de
perdão com que a Holanda estendeu a mão à Alemanha, poucos anos volvidos sobre
incidentes de torturas e matanças. “É um dom que não deveríamos nunca
esquecer”, advogou um dos oradores alemães.
Já no período da manhã tinha sido registada uma concorrida
conferência de imprensa, que serviu de antecâmara para o resto do programa. A
atracção principal foi o pintor inglês David Hockney, 79 anos, convidado de
honra da Feira. A sua obra combina o talento e o uso de novas tecnologias
digitais, sobretudo o iPad, umas vezes com traços originais, outras com a
recriação usando a técnica da colagem, na tese segundo a qual a fotografia lida
com a superfície enquanto a pintura alcança a profundidade.
Ainda durante a conferência de imprensa, a organização da
Feira fez apelos para a libertação de intelectuais perseguidos, afiançando que
a liberdade de criação é um direito não negociável. Na sequência, uma das participantes
quebrou o protocolo e quis saber que ajuda podiam ter os escritores e
cientistas do Chile, diante do que considera perseguição e ditadura. Revelou
ter em carteira um livro que aborda frontalmente um tema ligado à política, sem no
entanto sentir-se motivada a continuar, pois teme represálias. A resposta,dos
organizadores foi no sentido de a opção depender de cada editor.
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