Daqui a uma hora entra em vigor a nova tabela de
preços por UTT em Angola. Fala-se em um aumento na ordem dos 40%. As empresas
de telefonia móvel não cabem em si de tanta ansiedade, quais noivos loucos pela
chegada da noite de núpcias e poderem fazer o que já há muito vinham fazendo,
mas agora com o sabor da legitimação: o coito, antes fornicação, agora
comunhão. O mesmíssimo paralelo ocorre-me relativamente ao preço do consumo
no ramo das telecomunicações, onde em boa verdade já há muito se deu conta de
falarmos cada vez menos por um mesmo serviço/pacote. Basta lembrar que há coisa
de cinco anos, com um cartão de 625UTT (AKZ 4.500,00) tínhamos internet por 30
dias, mas que de lá para cá o saldo evapora mais rápido que o gás butano. Até
provas em contrário, mais a mais não tendo o INADEC (Instituto Nacional de
Defesa do Consumidor) algum tipo de estaleca técnica para aferir a
transparência do sector, o cidadão é tentado a abraçar a hipótese segundo a
qual a lei só vem legitimar o que ocorria em forma de "adultério",
entenda-se um aumento que já estávamos com ele. Não sei se haverá alguma
relação ou não, mas não posso deixar de partilhar uma cena trágicómica que testemunhei
acidentalmente ao passar por uma taberna da minha rua. Tendo recebido mais uma
dessas SMS a raiar o spam, ora do apelo ao registo para o voto, ora de
campanhas aparentemente beneficentes das operadoras, ora da polícia a apelar a
isto e aquilo, certo conviva ligou para o serviço de apoio ao cliente aos
berros: Meus senhores!, observava ele, só quero vos avisar de uma coisa. Me tirem da vossa lista, ok?! Eu não
sou cidadão angolano, portanto párem de me enviar essas mensagens, ouviram?!
Por acaso o tipo era angolano, mas fiquei a pensar com os meus botões se não deveria
haver uma cláusula que permitisse o utente escolher se quer, ou não, ser
recipiente de mensagens em massa... Porque em muitos dos casos o conteúdo não
passa de publicidade, justamente vinda da quem nos cobra impiedosamente por
cada cêntimo que gastamos, às vezes nem chegamos a gastar. Aquela coisa de
mandar madres levarem filhos à vacinação, ou de me dizerem a mim para não
conduzir se beber (provocação barata esta), quando o próprio álcool sabe
que há para aí mais de dois anos que não nos beijamos. E digo mais! Até porque
quer a Unitel, quer a Movicel não nos fazem favor algum com os seus serviços.
Alguma vez eu telefonei de graça, hã?! Meus senhores, peço-vos também eu: párem
só de me chatear com as vossas mensagens. Já não sou mais criança, se eu
quiser uma informação, sei onde encontrar. Poupem-me só, sim? Ainda era só
isso. Obrigado.
Gociante Patissa, Benguela, 31.10.2016
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