Numa das aventuras
em turismo interno que fiz ao Wambu (Huambo), finais de Agosto de 2015,
regressei com desgosto ao notar que me haviam furtado o ipad mini. Não que não
consiga viver sem ele, até porque praticamente pouco ajuda nos campos em que mais
me dedico (produção de textos e edição de fotografias). O valor do maldito
objecto é simbólico, pois ganhei-o de prémio da categoria de poema, no quadro
do Festival de Artes de uma empresa de dimensão nacional (e arredores, diria o
outro).
A última
memória que guardava dele era a do momento em que descarregava as malas, do
quintal da hospedaria para o quarto, lá no Wambu, o que me levou a deduzir que o
tivesse deixado por esquecimento sobre o tejadilho do carro. Já em Benguela, inevitável
foi telefonar para o amigo Chico Pobre, a pessoa que me sugeriu a
hospedaria em causa e com cujo pessoal de serviço lida muito bem, na esperança
de surgir alguém que o tivesse levado por um destes enganos muito “nossos”. Do ipad
nem vê-lo.
Em mim,
para dizê-lo francamente, ficou a desconfiança. Alguém, podia ser um hóspede ou
um funcionário, ter-se-ia assenhorado do meu ipad. E por acaso podia eu ter
feito, como dizemos terra-a-terra, uma grande confusão, mas optei por me
conformar. Conformar, conformar, até ver, né? Melhor dizer que preferi
"bater a bola baixa". Podia nesta senda desfazer-me do carregador de
corrente, inútil que se saíra pelos cantos da minha casa, só que preferi,
também quanto a isso, ficar-me pela inércia. Mas como só acontece nos filmes, eis-que
na sexta-feira passada recebia eu um telefonema de número desconhecido, o qual,
infelizmente, não pude atender, reunido que me encontrava.
Nas trocas
de SMS, viria a perceber que se tratava do responsável pela segurança do
aeroporto. O do Wambu, certo? Errado! Era do aeroporto da Katombela, que pedia para
eu retornar a ligação logo que possível. Por qualquer razão, não o fiz. Na verdade
não fazia a menor ideia do que havia de pessoal para tratar. Anteontem, ao
cruzarmos no corredor, diz-me ele que precisava que eu verificasse algo. Ou não
perdeste um dispositivo? Indagava ele. Sorri, ao jeito de enrolar, enquanto
esforçava a memória a compulsar uma eventual nova perda. Continuei a dizer que
não me ocorria nada.
Mas qual
não foi a minha surpresa, hoje, ao receber de volta o meu ipad, num enredo típico
de filmes policiais. Como seria possível? O ipad fora entregue ao pessoal de
segurança há coisa de oito meses por um daqueles jovens que fazem intermediações
nem sempre aconselháveis entre passageiros aflitos e aviadoras. Ocorreu-me
mesmo traçar umas linhas de gratidão pelo gesto, até ser confrontado com a dura
realidade.
Sempre cheguei
a trazer o ipad do Wambu mas esqueci-me dele foi no balcão de check in. O jovem
tê-lo-á recolhido à socapa e levado para casa, possivelmente para o vender, mas
volvidos quatro meses viu-se obrigado a desistir do bem. Porquê? Simples. Logo que
o perdi, fui ao site da apple e efectuei o bloqueio. Tal operação gerou a seguinte
mensagem: “Este ipad foi perdido. Por favor, contacte-me. 0092354…” Bastou
ligarem o aparelho para se chegar até ao proprietário. E pronto. Escapamos! Obrigado
anyway.
Gociante Patissa.
Benguela, 12 Outubro 2016
www.angodebates.blogspot.com
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