quinta-feira, 30 de abril de 2015
quarta-feira, 29 de abril de 2015
terça-feira, 28 de abril de 2015
domingo, 26 de abril de 2015
Vagas para professores de inglês no IFAL
O
Instituto de Formação da Administração Local (IFAL) está a recrutar formadores
de Língua Inglesa para leccionarem no seu Centro de Excelência de Língua. Os
candidatos seleccionados e aprovados, depois de prestarem prova de capacidade,
terão uma formação intensiva de 540 horas ministrada pela equipa de formadores
da British Council (BC), em Luanda. O Centro de Excelência de Língua (CELI),
criado recentemente, conta com o apoio da Britsh Council e será implantado em
todos Centros Regionais.
Conforme
publicado pelo Novo Jornal, edição N.º 377 - 24/04/15. Pág. 6
Citação
“No brasil, o crescimento do mercado do leitorado está crescendo, igual
rabo de cavalo, para baixo. Ele cresce em quantidade, não em qualidade. Cresce
a venda dos didácticos, cresce a venda de auto-ajuda, cresce a venda de
bestseller. Isso aí, há um crescimento real. Mas a boa literatura, ela, está
encolhendo cada vez mais.” - Raimundo Gadelha, editor brasileiro, entrevistado
pelo programa de TV Entrelinhas (reportagem sobre o preço do livro, disponível
no YouTube)
quinta-feira, 23 de abril de 2015
quarta-feira, 22 de abril de 2015
Diário | Da nossa mania estranha de celebrar reencontros
(Uma funcionária, um cliente)
"Dany!!!"
"Ya!!!"
"Passei a primeira vez, eu falei: é mesmo
ele?"
"Te cumprimentei no outro dia, não me
reconheceste, acho."
"É muito tempo. Até já estás mano."
"Sim, uns 10 anos quase."
(A distância tem esse poder de incentivar
intimidades, de conhecidos nunca passaram. E ao longe na esplanada...)
"Dany, nunca me pagaste lá nada. Paga ainda uma
gasosa."
(O cliente sorri e anui, sem estar de acordo. Nem se
coloca a ideia de manifestar o que acha desta mania que já caminha para
cultural, isso de viver pendurado no bolso alheio. Ainda podem pensar que não
pertence a esta sociedade. Já agora, você que está a ler, me paga só saldo, ya?
Não é assim que celebrámos os reencontros?)
Gociante Patissa,
Lobito 22.04.15
PS: Assim como ter deficiência habilita em certos casos a
passar a pedinte, ser mulher dá elegibilidade para o "me paga lá só
isso". De tanto que a nossa sociedade tolera (promove?), e considerando a
diversidade étnica que caracteriza o país, parece estranho que não se fale de
uma região do país onde tal parasitismo seja social e activamente reprovável.
Talvez seja mesmo mais do que simples tendência.
Um lugar para ti
Estavam
ali dois lugares
hoje mesmo
ao regalo da sombra
como quem algo quer contar
a curtos passos do mar
um para mim
hoje mesmo
ao regalo da sombra
como quem algo quer contar
a curtos passos do mar
um para mim
outro
pensei guardá-lo
para quando voltares
para brincarmos
ao baloiço
como as ondas salgadas
de lado as idades
a vocação da autoridade
brincar mesmo
como fazem os amigos
para quando voltares
para brincarmos
ao baloiço
como as ondas salgadas
de lado as idades
a vocação da autoridade
brincar mesmo
como fazem os amigos
ao país, inclusive
o que não te permitiste
nem a ti nem aos teus
oh, o tempo é outro
já se brinca, velho
já.
nem a ti nem aos teus
oh, o tempo é outro
já se brinca, velho
já.
Este
lugar que achei
guardo-o para ti
para brincarmos
às tuas certezas
onde tudo é permitido
será que te encaixas?
Bom, isso já é problema teu.
guardo-o para ti
para brincarmos
às tuas certezas
onde tudo é permitido
será que te encaixas?
Bom, isso já é problema teu.
Gociante
Patissa, Restinga do Lobito, 22 Abril 2015
segunda-feira, 20 de abril de 2015
Em Benguela | Aberta feira para saudar o Dia Mundial do Livro
Graciano Catumbela (esq.) e expositora |
Cerca
de mil títulos estão a ser comercializados a partir de hoje no Largo D’África, na
cidade de Benguela, onde decorre a feira por ocasião do Dia Mundial do Livro,
que se comemora no próximo dia 23 de Abril. Sob organização do Movimento
Shalom, ligado à igreja Católica, em colaboração com a Direcção Provincial da
Cultura, o evento tem a duração de três dias e aproxima livrarias locais e o
público leitor, variando os preços entre os quinhentos e os 10 mil kwanzas.
Fundado
na Itália em 1974, o Movimento Shalom abriu a sua representação na província de
Benguela em 2010. O incentivo aos hábitos de leitura faz parte das suas linhas
de acção, a par do evangelho, do compromisso com a promoção da educação e o
fortalecimento de princípios morais na sociedade, segundo revelou o responsável
da Organização, Graciano Catumbela.
«Eu, como estou a seguir medicina natural, estou sempre atento, procuro comprar
livros da minha área quando há uma feira», contou-nos um cidadão que preferiu
ser tratado apenas por Paulo.
Instituído pela UNESCO em 1996, o Dia Mundial do Livro, 23
de Abril, tem a sua essência no facto de coincidir com a data de falecimento de
grandes nomes da literatura mundial, entre os quais Cervantes e
Shakespeare. Conta-se ainda que a efeméride teve origem na Catalunha, Espanha
onde, neste dia dedicado a São Jorge, uma rosa é oferecida a quem comprar um
livro.
Gociante Patissa, Benguela 20.04.15
sábado, 18 de abril de 2015
Diário | Um lado pedagógico na política comercial
Visando um pequeno upgrade no que se refere à
máquina fotográfica, pois já se impunha passar da Nikon D3100 (que me fora
ofertada, adquiri na representante oficial da daquela marca japonesa,
localizada no centro de Londres, um modelo com pujança maior. Ao fazê-lo, fui
inscrito como membro do clube de utentes de Nikon, o que dá direito a sessões de palestras, oficinas
e socialização com renomados fotógrafos. Infelizmente, o facto de viver tão
distante exclui-me de tamanhas vantagens, mas nem tudo está perdido. Resta
ainda o direito de receber trimestralmente a revista "Nikon Owner",
quer pelos correios, quer pelo formato digital, válido por um ano e renovável.
É claro que faz parte da estratégia de marketing, mas é também claro que a
revista dá importantes dicas técnicas, não apenas com novidades em máquinas e
lentes, mas também com espaço de interacção dos utentes com peritos, bem como a
legenda de inspiradoras imagens com os respectivos parâmetros de exposição. É
negócio, sim, mas formação contínua também. Assim, sim.
Crónica | Inglaterra ou América, o confronto de confortos para turista estudioso da língua inglesa
Passei
recentemente uma semana no Reino Unido. Fiquei em Hemel, a 25 minutos de carro
de Londres, que visitei umas três vezes. Saí várias vezes para Watford, que
dista menos de meia hora de carro.
O
bilhete de avião é caro, mas é um investimento útil, tendo em conta que a
língua é uma questão de uso e prática, de outro modo me arrisco a congelar no
subconsciente os quatro anos de universidade na licenciatura em Linguística,
especialidade de Inglês. Daí que de vez em quando "salte" a fronteira
para uns dias na Namíbia.
Durante
a intensa semana na Inglaterra, visitei de máquina fotográfica em punho lojas
(das pequenas às grandes superfícies comerciais), jardim zoológico, hospital,
frequentei o metrô subterrâneo, etc. Para a minha grata surpresa, não senti
aquele aparatoso espectro de insegurança que se verifica nos EUA, onde em 2010
gozei um mês a convite do Departamento de Estado, no âmbito do programa de
intercâmbio Líderes Juvenis Visitantes Internacionais, com uma semana em cada
Estado: Washington DC, Portland-Oregon, Salt Lake-Utah e Miami-Florida.
Longe
de mim fazer apologia à negligência na luta contra o terrorismo, acredito que
os ingleses terão é outros métodos de vigilância, permitindo um equilíbrio com
o direito dos seus cidadãos e estrangeiros a uma maior sensação de conforto. É
este diferencial que torna a visita à Inglaterra mais prazerosa, pelo menos
para pessoas não acostumadas a redundantes submissões a detectores de metais e
aquele tira cinto, põe cinto, abre axilas, deita fora a comida, no típico tom
autoritário americano.
Do
ponto de vista da comunicação, que é afinal o que move um estudioso, sou
partidário do Inglês americano (fora a linguagem do gueto, a do RAP). Gosto da
clareza na articulação, da liberdade em pronunciar o /r/, da musicalidade. É um
conforto que não se tem na dicção dos ingleses, que à primeira vista falam como
se não quisessem ser percebidos, o que remete visitantes aos constantes
“pardon”, “say again?”
A
minha relação com o Inglês data de 1993, meses antes do 15.º aniversário,
quando se despertou a meta de emigrar em busca de melhores condições de
formação, o que nunca se realizou, literalmente falando. Seguiram-se anos de
muita leitura e exercícios de diálogo, inicialmente com ajuda do Paulino Sõi
(primo-irmão materno de primos-irmãos paternos meus), do bairro da Pomba no
Lobito, que dista provavelmente uns 10 Km do bairro Santa Cruz, onde morava eu,
ligação que fazia quase sempre a pé, muitas vezes só com água no estômago.
Nesta época o país enfrentava uma penúria alimentar brutal, resultante do
reacender da guerra civil pelo fracasso eleitoral de 1992.
O
Paulino tinha já livros e uma monumental paciência que me permitia passar
longas horas no seu habitáculo a transcrever vocábulos e expressões. Ao mesmo
tempo, a fim de resgatar o televisor, retido em casa do mestre, passei a vender
estátuas de madeira lá de casa a capacetes azúis britânicos da ONU e com isso
praticar com falantes nativos.
O
domínio do Inglês tem sido tão determinante na minha afirmação, como o têm sido
a educação de berço e a mente criativa. Acredito que a língua de Shakespeare já
me compensou com o que de melhor podia – como digo a brincar –, o que inclui
ter amado, sonhar, bem como traduzir reuniões comunitárias directamente para
Umbundu.
Gociante
Patissa, Benguela, 18 de Abril de 2015
sexta-feira, 17 de abril de 2015
Impressão digital | Circo das vaidades
Por José dos Santos,
director do jornal «A Capital», edição n.º 640, Luanda, 04/04/15
Quando decidi
abraçar o jornalismo, admirava algumas pessoas que já há muito labutavam na
profissão. Tanto pela forma de escrita – muita criatividade -, assim como por
aquilo que representavam ser. Gente idónea e, por via disso, verdadeiros
exemplos a seguir. Passaram-se os anos e, confesso, vi-me defraudado com
algumas pessoas, jornalistas, no caso, que muito admirava. Não porque deixaram
de encantar-me com os seus escritos, mas, sobretudo, porque passei a reconhecer
em muito deles uma outra faceta: um exacerbado narcisismo.
Deixei
completamente de os ver como exemplos a seguir, apesar das referências. Passei,
por isso, a colocar-me a milhas de distância, mal os avistasse. A luz que
brilhava no horizonte não era, afinal, o ouro que se imaginava. Era apenas uma
miragem...
Compreendi com
os anos que há por aí gente jornalista que continua a padecer (sempre foi
assim, encapuzavam-se) de um narcisismo patológico e que parece piorar com o
avançar do tempo. É o narcisismo jornalístico de que me refiro, um conceito que
pode servir para caracterizar um profissional do ramo que, sem pejo nenhum –
qual Narciso – admira de forma exagerada só a sua própria criação.
Em busca do
protagonismo só para si, entende que o seu jornalismo está acima dos demais.
Por isso, nutre uma paixão pelo individualismo numa tresloucada busca pela sua
auto-afirmação. Só assim
consegue os seus objectivos. Egocêntrico, quer ser sempre o centro das
atenções. É assim que se estabiliza emocionalmente, tal é a necessidade de
exposição, mesmo diante de um trabalho não raras vezes corriqueiro.
quarta-feira, 15 de abril de 2015
Ecografia | O APITO QUE NÃO SE OUVIU (crónicas bwé de um bloguista)
N.º de páginas: 100
Editora: A revelar
brevemente
Ano para publicação: o corrente
Extracto da nota do autor (pág.
13): «Estão, portanto, reunidos neste projecto textos que assinalam o oitavo
aniversário de um blog apaixonado, claro está, com o devido labor para o livro.
Estão datadas e situadas as crónicas, mas a ordem cronológica não foi para já o
critério.»
Diário | Cada vez mais perto do título de "mestre em ciências tentadas"
Da última vez que contactei a administração da CESPU Benguela, onde me inscrevi há dois anos para, inicialmente, fazer a pós-graduação com acesso ao mestrado em ciências da comunicação, voltei a voltar para a casa (pleonasmo propositado) com mais um "quase". Segundo soube, até final de Abril já se terá uma fotografia mais clara quanto ao surgimento do número mínimo de candidatos que justifiquem o arranque de um curso naquela instituição de formação semi-presencial parceira de universidades e docentes portugueses. A correr pelo melhor, volto a estudar ainda este ano. Neste caso, estando fora de hipóteses o de ciências da comunicação, a consolação seria o de Gestão Estratégica de Recursos Humanos, que também não arrancou o ano passado pelas mesmas razões, propina mensal um tanto elevada (acima de Usd 600). Oba! "Anyway, I should not get my hopes up", é melhor não elevar a fasquia das expectativas, como bem diriam os falantes de inglês. Disse-me certa vez uma pessoa próxima que eu reclamava de barriga cheia, que muitos jovens sentir-se-iam realizados com metade do que tenho conseguido alcançar. Talvez faça sentido noutra lógica que não a de gente que nasceu com o bicho de nunca se conformar. Não podendo largar o emprego (a única fonte de sobrevivência) nem tendo por aí um sobrenome traduzível em folgada bolsa para o exterior do país, não nego uma certa frustração pelo lado da realização profissional. Sim, a qualificação em ciências da comunicação (com especialização em comunicação institucional) é tudo o que desejava para, final e formalmente, ter uma profissão no sentido de valorar todos estes anos de experiência que junta prática e auto-didactismo com "o verbo". Por tudo isto, acho até que já não era sem tempo que o ministério do ensino superior me outorgasse o título de "mestre em ciências tentadas".
Gociante Patissa, Benguela, 15.04.15terça-feira, 14 de abril de 2015
Just a few questions
(1) Quando um cristão, pelas antenas dos nossos constitucionalmente laicos órgãos de comunicação social (públicos), veicula coisas como "nenhum Deus é maior que o nosso", tenciona dizer que o Deus dos outros pode eventualmente ser menor, ou que aos Deuses não se olha o tamanho?
(2) O quadro que justificou a concessão de privilegiados espaços de antena para adoração na televisão pública angolana às igrejas Católica (domingo) e Metodista (sábado) continua actual? O princípio da igualdade de circunstâncias não se aplica, considerando haver outras igrejas, também elas legais, com tradição e representatividade?
Vamos ao debate.Diário | Ainda a nossa comunicação social e uso indevido de fotografias de autoria alheia: Jornal dos Desportos passa vergonha
Que ao menos sirva de lição para profissionais
de informação que fazem carreira usando e abusando de fotografias da autoria de
outrem como se de suas se tratassem. Não é pelo facto de a fotografia estar
disponível na Internet que se alienam os direitos dos respectivos autores.
(Fonte do recorte: AF-Angola, página dos amigos da fotografia)
Universidade de Lisboa e União dos Escritores Angolanos organizam volume «Angola 40 anos de literatura»
Ler texto inteiro do Jornal O País
Extractos:
«Esta publicação, resultante de uma
parceria com a Universidade de Lisboa, pretende reflectir sobre a identidade de
uma literatura que se constituiu na diversidade de géneros e registos
literários ao longo dos 40 anos.
(...)
Apresentando-se como um volume comemorativo,
pretende avaliar conteúdos de índole científica e ensaística a registos
(testemunhos e entrevistas) inéditos de mais de 40 escritores angolanos. Conta
com conteúdos editoriais de Margarida Gil dos Reis e Inocência Mata, ensaios de Ana Paula Tavares, Laura Padilha, Pires
Laranjeira, Manuel Muanza, António Quino, Luís Kandjimbo e Inocência Mata.
(...)
A longa lista prossegue com Fragata de Morais, Gociante Patissa, Hendrick
Vaal Neto, Isabel Ferreira, Jacques dos Santos, João Maimona, João Melo, João
Tala, Joh Bella, Jorge Arrimar, Kanguimbo Ananás, Lopito Feijo, Luís Fernando,
Manuel dos Santos Lima, Paula Tavares, Ras Nguimba N´gola, Sousa Jamba e
Trajanno. Trata-se de uma bibliografia crítica sobre a Literatura Angolana.
segunda-feira, 13 de abril de 2015
Diário | Os mandatos e o descrédito
A polémica recente sobre a expiração do mandato
da direcção do Conselho Nacional de Comunicação Social (CNCS), que já soma para
aí seis anos, vem engrossar apenas a tendência (que parece inata em nós,
angolanos) de aversão às sucessões. Como é previsível, não faltam justificações
para se manter a situação, recaindo quase sempre "a culpa" a factores
externos (ausência de leis, ausência de quadros capazes, etc.). O CNCS, que
pela sua natureza não se encaixa bem
no pacote da sociedade civil, pois inclui representantes de partidos políticos
também, não tem um quadro tão longe, entretanto, do que ocorre em grupos
organizacionais mais cooperativistas. Nada tendo contra pessoas, faz-me um
pouco de confusão que determinadas individualidades se queiram confundir com as
instituições e que, ainda assim, se julguem incólumes em criticar a falta de
transparência, de rotatividade e de democracia... de suas portas para fora. A lista de exemplos é
ilimitada, as motivações são difíceis de perceber. Conheço um respeitável
pedagogo desde 2001 e até hoje continua líder da sua ONG. Conheço outro super
sindicalista que é praticamente especialista em "listas únicas"
eleitorais e manutenção de mandatos. Muitas ONG's faliram precisamente por esta
visão "empresarial privada" que degenera do espírito de voluntariado,
pelo que se tem de elogiar aquelas que conseguem sobreviver nesta fórmula
"estanque". Mas todo o descrédito só pode ficar à vista,
principalmente quando o altruísmo atinge o efeito "placebo", tendo em
conta as vantagens materiais a que se tem acesso, onde os estatutos e os ideais
de partida repousam quais múmias.
Gociante Patissa,
Benguela 13.04.15
domingo, 12 de abril de 2015
SOS intolerância política | Chegam-nos informações de agressões à catanada na comuna do Monte Belo, província de Benguela
Duas horas depois de ter deixado a sede da
comuna do Monte Belo, município do Bocoio, onde estivemos esta manhã em visita
familiar, chegam-nos informações de tensão entre militantes do Mpla e os da
Unita. A nossa fonte, que não avançou números, fala em feridos com alguma
gravidade no bairro de Longunda. Monte Belo dista 100km a leste do Lobito. Este
caso de violência entre pessoas do mesmo sangue é o explodir
de um clima de tensão que por acaso deu para notar, tendo como faísca a recusa
da implantação da bandeira da Unita por populares avessos ao maior partido da
oposição e cuja imagem é ainda associada a atrocidades de um passado de
guerrilha. O alvoroço seguia, por volta das 14h30, com os militantes do galo negro, em
camisolas de propaganda, a marcharem do seu comité comunal para o bairro em que
viram rejeitada a implantação da sua bandeira. Acudam, se faz favor.
Diário | Lioth Cassoma e TPA em combinação perfeita
Gostei de ver ontem, no canal 1 da TPA, o show
de Lioth Cassoma. Não sendo propriamente alguém que frequente igrejas, salões,
templos, mesquitas, ou o que seja, não deixo de ser um apreciador de boas
composições no género gospel. Chego a pensar que determinadas denominações
religiosas fariam muito mais bem à humidade se se ficassem apenas pela assertividade dos hinos, de tão desastrosa que a sua homilia
é. No caso do show de ontem, os meus parabéns vão à própria televisão pública
pela qualidade sonora, de imagem e pela pertinência da cobertura em si. Quanto
à cantora e seus acompanhantes, julgo que estiveram muito bem entrosados. Do
ponto de vista da mensagem, da harmonia, da desenvoltura vocal, Lioth Cassoma,
que tem visivelmente uma influência brasileira pelo lado mais estético das suas
baladas, já tem por mérito próprio o direito de constar no topo da lista
naquilo que a nossa música evangélica vem revelando.
sábado, 11 de abril de 2015
quinta-feira, 9 de abril de 2015
Diário | Mais inteligente do que boa
À
questão da repórter do programa «Flash» (TPA2) a diversos convivas de um evento
que tem como cartaz uma das nossas efémeras estrelas da música electrónica,
nasce uma resposta a contra-corrente. «Você é boa?», indaga a repórter, para a
imensidão de manifestações de egos, com o lado sensual a predominar. Sou boa,
sou gostosa, e todos aqueles adjectivos de apelo ao sexual enchem os pôros do
microfone em mais um dos costumeiros tempos de antena
que aquele canal público dedica ao culto à futilidade. Até que surge, todavia,
uma moça que, inicialmente reticente, diz muito liminarmente: «sou mais
inteligente do que boa!» Ora, se do ponto de vista das boas maneiras a nossa
sociedade convencionou que fica mal sairmos por ali a nos gabarmos pelas nossas
vantagens e atributos, sejam eles internos ou superficiais, os interlocutores
«pecaram» todos por advogarem em benefício próprio. Podíamos dizer que a formulação da pergunta em si representou uma espécie de armadilha ao carácter e
à moral. Seja como for, é de elogiar que aquela moça tenha tido a coragem de
sair um pouco do cliché. Destacar-se pela inteligência parece ser de longe
muito mais dignificante, libertador, sustentável e construtivo para a mulher do
que esta tendência (mercantilista) de ver o valor da pessoa a partir do volume
dos glúteos, grossura dos membros inferiores e do par de almofadas na parte
exterior do tórax. Definitivamente, eu voto em «mais inteligente do que boa»
quarta-feira, 8 de abril de 2015
terça-feira, 7 de abril de 2015
segunda-feira, 6 de abril de 2015
domingo, 5 de abril de 2015
Diário | Uma londrina que vale por mil
Ia o amigo Neto Muhindo carregar o botão da minha Nikon D3100 quando esta simpática e
animada londrina largou o parceiro para se encostar a mim no papel de
figurante, o que lhe valeu o banho de sorrisos simpáticos do modelo, do
fotógrafo e do seu homem, com quem aliás seguiu caminhando. E valeu o
improviso, que só enriquece o sentido cosmopolita chamado turismo. Afinal, os
ingleses até conseguem não ser tão frios hahahah
sábado, 4 de abril de 2015
Crónica | VAMOS BRINCAR ÀS GUERRAS?
Há já dois anos que, ao contrário de muitos, o meu dia preferido no
serviço é a segunda-feira, quando cada colega chega e conta como foi o
fim-de-semana… atenua a chatice de desempenhar uma função sem prazer nenhum,
entretanto impotente para optar pelo auto desemprego, qual prostituta apenas
atrás do pagamento.
Esta semana, por exemplo, um dos colegas queixava-se do cansaço físico.
E eu, todo ouvidos, fui agarrado de surpresa ao saber que era devido à «kitota»
(guerrilha). E enquanto o meu lado tendencioso especulava qualquer coisa como
«andar na rosca», lá vinha o desenvolvimento da notícia. «Uma kitota mesmo a
sério… com balas de tinta». Puxei os lábios para trás, como que a sorrir,
enquanto procurava entender o sentimento que me possuía. O colega e amigos
tinham-se divertido a valer, no Vale do Cavaco, brincando às guerras.
Sem estragar o entusiasmo do outro — legítimo aliás para quem andou
envolvido num passatempo radical —, quando dei por mim, já a mente vagueava na
memória de infância.
A nossa vida na comuna do Monte-Belo, antes mesmo de completarmos cinco
anos, resumia-se a duas palavras: uma era brincar e a outra guerra. Atenção,
nunca combinadas! Incluíamos no pólo do brincar coisas como ir à escola,
apanhar gafanhotos, correr atrás de uma jante ou de um arco qualquer que
aparecesse, fazer amizade com soldados (sobretudo os cubanos, que passavam de
quando em vez em colunas para o Huambo). Já no pólo da guerra incluíamos o
cuidado a ter com a manta (o frio era impiedoso no mato, e a noite durante um ataque
parecia nunca mais acabar!), bem como o respeito pela mãe (em cujas costas nos
agarrávamos na hora de fugir).
Citação
"Às vezes, as boas recordações conseguem
torturar-nos muito mais do que as más." (Da personagem Hortênsia, série
portuguesa Bem-vindos a Beirais, RTP Internacional)
quinta-feira, 2 de abril de 2015
Utilidade pública| Direcção Provincial da Cultura em Benguela reabre no Cine Monumental
Na
ressaca do incêndio que consumiu por completo as instalações que acolhiam as
delegações provinciais da Cultura e da Família e Promoção da Mulher em
Benguela, apuramos que a Direcção da Cultura montou a sua base provisória numa
das alas do Cine Monumental, onde passará a tratar do expediente.