A polémica recente sobre a expiração do mandato
da direcção do Conselho Nacional de Comunicação Social (CNCS), que já soma para
aí seis anos, vem engrossar apenas a tendência (que parece inata em nós,
angolanos) de aversão às sucessões. Como é previsível, não faltam justificações
para se manter a situação, recaindo quase sempre "a culpa" a factores
externos (ausência de leis, ausência de quadros capazes, etc.). O CNCS, que
pela sua natureza não se encaixa bem
no pacote da sociedade civil, pois inclui representantes de partidos políticos
também, não tem um quadro tão longe, entretanto, do que ocorre em grupos
organizacionais mais cooperativistas. Nada tendo contra pessoas, faz-me um
pouco de confusão que determinadas individualidades se queiram confundir com as
instituições e que, ainda assim, se julguem incólumes em criticar a falta de
transparência, de rotatividade e de democracia... de suas portas para fora. A lista de exemplos é
ilimitada, as motivações são difíceis de perceber. Conheço um respeitável
pedagogo desde 2001 e até hoje continua líder da sua ONG. Conheço outro super
sindicalista que é praticamente especialista em "listas únicas"
eleitorais e manutenção de mandatos. Muitas ONG's faliram precisamente por esta
visão "empresarial privada" que degenera do espírito de voluntariado,
pelo que se tem de elogiar aquelas que conseguem sobreviver nesta fórmula
"estanque". Mas todo o descrédito só pode ficar à vista,
principalmente quando o altruísmo atinge o efeito "placebo", tendo em
conta as vantagens materiais a que se tem acesso, onde os estatutos e os ideais
de partida repousam quais múmias.
Gociante Patissa,
Benguela 13.04.15
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