À
questão da repórter do programa «Flash» (TPA2) a diversos convivas de um evento
que tem como cartaz uma das nossas efémeras estrelas da música electrónica,
nasce uma resposta a contra-corrente. «Você é boa?», indaga a repórter, para a
imensidão de manifestações de egos, com o lado sensual a predominar. Sou boa,
sou gostosa, e todos aqueles adjectivos de apelo ao sexual enchem os pôros do
microfone em mais um dos costumeiros tempos de antena
que aquele canal público dedica ao culto à futilidade. Até que surge, todavia,
uma moça que, inicialmente reticente, diz muito liminarmente: «sou mais
inteligente do que boa!» Ora, se do ponto de vista das boas maneiras a nossa
sociedade convencionou que fica mal sairmos por ali a nos gabarmos pelas nossas
vantagens e atributos, sejam eles internos ou superficiais, os interlocutores
«pecaram» todos por advogarem em benefício próprio. Podíamos dizer que a formulação da pergunta em si representou uma espécie de armadilha ao carácter e
à moral. Seja como for, é de elogiar que aquela moça tenha tido a coragem de
sair um pouco do cliché. Destacar-se pela inteligência parece ser de longe
muito mais dignificante, libertador, sustentável e construtivo para a mulher do
que esta tendência (mercantilista) de ver o valor da pessoa a partir do volume
dos glúteos, grossura dos membros inferiores e do par de almofadas na parte
exterior do tórax. Definitivamente, eu voto em «mais inteligente do que boa»
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