No meio-termo está a virtude, diz a sabedoria
popular. O que não deve ser tão saudável é repartir ainda mais a metade que
cabe no campo do que se pode ou não dizer. Vêm estas palavras a propósito de um
musculado texto à guisa de direito de resposta no Jornal Chela Press, visando
crucificar o Nelson Sul D'Angola (correspondente em Benguela do Semanário Angolense), não tanto pelo conteúdo - num assunto ligado à
pouca transparência na relação contratual, ou fim desta, entre o governo de
Benguela e a GB Consultores. O pecado do Nelson foi ter frisado que o
sócio-gerente da GB é luso-angolano. Outras vozes dentro da classe também
"reprovaram" o Nelson (com cujo trabalho nem sempre estou de acordo,
diga-se). Ora, porque é que se quer transformar em insulto em
Angola dizer-se que se tem dupla nacionalidade, quando a outra é portuguesa? Carlos Alhinho, o histórico treinador dos palancas
negras, era luso-caboverdiano, mas nunca choveu lâminas por se dizer isso. Estou ciente de que esse assunto é melindroso, e é
o tal sentido de tabu que não entendo. Andamos a vestir as palavras de escusado
medo. Se é português, é. Se tem ao mesmo tempo cidadania
angolana, tudo bem... Mas que mal há em assumir tal condição?
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