Insurgiu-se contra a manhã. E teve razão, pois
nada tinha que surgir nublada quando a pessoa disto não gostava. Retirou-se,
calada, a culpada. E veio a tarde, também ela, aborrecer a pessoa, que se
encontrava a meio caminho do trabalho. Quem julga a tarde que é para ousar
abrir os poros das axilas da pessoa, que via deste modo nuvem húmida na
domingueira camisa?! Como se não bastasse, e qual conspiração, vinha a noite de opaco véu,
atrapalhando a sede de luz da pessoa. A briga é imediata. Mas tem razão a
pessoa, pois assim nasceu e são para serem observados suas escolhas, gostos e
birras, não importa como era a vida antes do Éden. Talvez porque mais idosos,
intentam a manhã, a tarde, a noite, o calor e os ventos uma conciliação. Pobres
criaturas cósmicas que não sabem que a pessoa não pode ser indagada, pela
natural obrigação que tem o resto do universo de aceitar que assim nasceu.
Isolada ou ovacionada, pouco importa. A pessoa, porque de si se basta, segue
chocando contra paradigmas, quaisquer que sejam eles, chamando a si o monopólio
da razão. Ter razão, tal como ser-se a vítima, é neste caso uma questão de
perspectiva.
Gociante Patissa
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