segunda-feira, 30 de setembro de 2013

O Jornal Cultura traz um breve bate-papo com o presidente do juri do Prémio Literário Sagrada Esperança, Ferreira "Cassé"

Carlos Ferreira "Cassé", que presidiu ao júri da edição deste ano do concurso Sagrada Esperança, manifestou ao jornal Cultura a sua satisfação pela qualidade das obras concorrentes (texto e foto de Isaquiel Cori).

Jornal Cultura - A qualidade geral das obras apresentadas a concurso indiciam que o estádio actual da literatura angolana é bom, ou pelo menos auspicioso?

Carlos Ferreira - No geral, e contrariando o que os jurados reclamaram dos trabalhos concorrentes ao Prémio António Jacinto, apareceu um número muito razoável (entre 50, digamos, 15...) de escritos de qualidade literária efectiva.

JC - As obras cuja publicação o júri recomendou serão antes submetidas a um processo de correcção ou sairão a público tal como estão?

CF- A recomendação para publicação é exactamente isso. Uma recomendação, que nem sequer está prevista no regulamento. Simplesmente por se tratarem de obras que nos parecem superiores à média do que tem chegado ao público, decidimos aconselhar a sua publicação.

JC - A recomendação tão extensiva para publicação de obras concorrentes além de condescendente não poderá igualmente significar um incentivo à mediocridade?

CF- Não houve rigorosamente nenhuma condescendência quanto aos aconselhamentos. Só o fizemos e, de forma igualmente unânime, por haver qualidade efectiva. O facto de terem sido escolhidas também por unanimidade dão a dimensão exacta da exigência que o júri colocou na sua selecção.

JC - A decisão do concurso foi consensual ou resultou de muito debate?

CF - A decisão do júri, foi, não só unânime, como não levou mais do que dez minutos. E isso
porque, para obedecer aos itens principais do regulamento, a obra vencedora deixava todas as
outras a larga distância, do ponto de vista da inovação, da modernidade, do imaginário e em simultâneo por ter um carácter tão nacional
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A edição deste ano do Prémio Sagrada Esperança foi atribuída ao escritor Adriano Mixinge (Luanda, 1968), que concorreu com o romance "O Ocaso dos Pirilampos". Ao anunciar o resultado do concurso, a escritora Amélia Dalomba, secretária do corpo de jurados, referiu que a obra vencedora, vertida em prosa poética, "conjuga vários estilos, entre a crónica, por natureza irónica, e o ensaio, recorrendo ao simbolismo, outra componente essencial da literatura".

Além disso, o júri considerou que a obra "está integrada num contexto universal, abarca Preocupações hoje quotidianas de qualquer cidadão comum – a destruição ambiental, a falta do exercício pleno da cidadania, a desumanização, a sobreposição do lado material ao espiritual, num apelo à consciência colectiva".

O júri propôs a publicação de outras obras remetidas a concurso, nomeadamente, “Estórias para bem ouvir leitura para todos”, de Fragata de Morais, “Fátussengóla - O Homem do rádio que espalhava dúvidas”, de Gociante Patissa, e “Actores de Teatro – A vida dos grupos angolanos”, de Francisco Luís João Gaspar.

Mesmo tendo achado que "não obedeceram a alguns parâmetros determinados pelo regulamento", o júri propôs igualmente a publicação dos originais “A pele de Zito Maimba”, de Ana Paula de Jesus Gomes, “Sou quem sou”, de Ariclenes Tiago, “Sou aquilo que me deixo ser”, de Marcos Castro e Silva, “A sul do sol”, de Francisco Montanha Rebello, e “Filhos do Musseque”, de Aberto Botelho.

Adriano Mixinge, historiador e crítico de arte por ora emprestado à diplomacia (é adido cultural na Embaixada de Angola em Espanha), é um autor bastante conhecido. Publicou os livros "Tanda", romance, Edições Chá de Caxinde, Luanda, 2006; e “Made in Angola: arte contemporânea, artistas e debates”, ensaios, Editions L`Harmattan, Paris, 2009.

In «Jornal Cultura», nº 40, pág. 430 de Setembro a 13 de Outubro de 2013, Presidente do júri da edição deste ano do Prémio Sagrada Esperança como universal.
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