quarta-feira, 19 de junho de 2013

Outras vozes sobre o tabu da estratificação social baseada na cor da pele

"Uma discussão mais interessante tem a ver com o haver tantos escritores angolanos de pele mais clara. Isso a meu meu ver tem duas explicações - o facto de serem quase todos de famílias previlegiadas com acesso a livros e de língua materna portuguesa, e um motivo mais interessante - a necessidade de afirmação identitária de minorias. O que explica haver, por ex., tantos escritores judeus nos EUA. Essa é de qq forma uma discussão em aberto, e que deveria ser feita..." José Eduardo Agualusa, 19 Junho 2013 (comentário deixado no mural de Reginaldo Silva, sob o enunciado "Por que será que no "1 minuto de saber" da TPA todos os professores que ensinam a falar bem português são de raça branca? Disse todos, mas até pode ser que esteja enganado...")
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Angola Debates e Ideias- G. Patissa disse...

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Gociante Patissa: Como este, há vários outros aspectos que demonstram bem a estratificação social baseada na tonalidade da pele, num país em que o cinismo e hipocrisia se confundem com o politicamente correcto.
há 3 horas · Gosto · 1

Domingos Cupa: A crítica como políticamente incorrecto...
há 2 horas · Não gosto · 1

Daniel Teixeira: Já me tinha apercebido desse aspecto aqui referido pelo Agualusa sobre a necessidade de afirmação da minoria (branca, neste caso). Aliás o próprio Fragata de Morais tem isso bem presente na sua escrita. Sendo sintomático de um tempo (e a questão do privilégio cultural familiar também conta) será de ter em conta também todos aqueles que foram formados aqui em Portugal (brancos e negros), que apesar de irem desaparecendo talvez tivessem um escalonamento de cor menos pronunciado.
há 2 horas · Não gosto · 1

Gociante Patissa: Quanto à literatura, no meu papel de novato que acompanha a história das antigas colónias, observo que o lobby editorial, e por arrasto académico, sobretudo em Portugal e Brasil, é suficientemente gigante para promover a minoria branca em desproporção sonante relativamente a outros escritores, digamos, de tom de pele mais escura. É o lado triste desta "necessidade de afirmação da minoria".
há cerca de uma hora · Gosto

Daniel Teixeira: Sabe Gociante Patissa e sem querer armar-me em especialista, aceito que exista alguma «retracção» na publicação de autores cuja cor de pele não condiz com o universo do comprador de livros. Tenho no jornal textos (ensaios) sobre Luandino Vieira, Mia Couto e Agualusa. Antes de passar à frente gostaria de lhe dizer que assisti ao lançamento conjunto aqui na minha terra, Faro- situada em Portugal, dos últimos livros do Mia Couto e do Agualusa. Sala cheia com larga predominância (esmagadora mesmo) do sexo feminino aperaltado. Nos textos que estão no jornal sobre estes três autores atrás referidos, a nossa cronista e analista (brasileira Arlete Fernandes ) refere em dois casos (Mia e Agualusa) a aceitação dos dois escritores pela sua escrita e também pela sua imagem pessoal. Tenho também um texto da mesma autora sobre o Ondjaki (3 a 1). Ora, conclusão, que talvez ache cínica: o problema é não haver um número suficiente de leitores que possam pesar na aceitação do autor de pele mais escura, como diz, que motivem as editoras a investir na sua literatura sem o apoio de prémios relevantes (como é o caso do Ondjaki) o que coloca qualquer cor no mesmo pé. Há centenas, senão milhares de brancos que também se queixam de não serem publicados e independentemente da cor nalguns casos ainda bem...Abraço.
há 15 minutos · Não gosto · 1

Gociante Patissa: Obrigado pelo subsídio. Isso depois tem outras implicações, como por exemplo o marketing que tenta reduzir toda uma produção literária de um país a um pequeníssimo número de "escolhidos" como sendo a representação. Em Moçambique parece ser ligeiramente mais pequeno o círculo dos "melhores".

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