Quando ainda na primeira semana em Washington DC, isso em Janeiro de 2010 no âmbito do programa de Líderes Visitantes Internacionais do sector da sociedade civil a convite do Departamento de Estado, certo dia decidimos partilhar nossas experiências quanto à integração e aceitação do "outro" na sociedade americana, tanto a colega do Kenya, o colega do Zimbabwe como eu, o angolano, convergimos com acrescido pesar: tínhamos sido maltratados/discriminados (sobretudo no sector comercial) mais por afro-americanos, o eufemismo para negros ou pretos nascidos nos EUA, do que por brancos, latinos ou amarelos. Doeria menos se não fossemos coisificados por nossos "semelhantes"? Bem, na verdade, cada um de nós viajou mais ou menos preparado no briefing de partida com o embaixador americano do seu país, no meu caso o Sr. Dan Mozena, para a dureza do inverno e, claro está, a existência de "pessoas conservadoras, que nem sempre lidam bem com a diferença". Diante do impacto, só podia fazer mais sentido ainda o Slogan adoptado por Nelson Mandela no livro autobiográfico «LONG WALK TO FREEDOM», que adapta precisamente o dito do Movimento Negro Norte-americano para o confrontar com a sua contradição. Em Miami (Florida), fizemos troça da nossa própria sorte no restaurante latino em que encerramos o programa porquanto, à nossa mesa, uma menina muito linda por sinal deixava ficar a garrafa inteira de vinho, quando em outras mesas, com europeus, alguns asiáticos e um africano do Egipto, ela foi enchendo os copos de maneira gradual. É uma vergonha que os negros do outro lado do atlântico vejam no negro deixado em África uma reminiscência do seu passado de escravo, como se andássemos com séculos de atraso. Para uns poucos, África resumia-se na África do Sul, incontornável que é o legado de Madiba. De facto, “BLACK BY NATURE, PROUD BY CHOICE”, ou seja, somos de pele escura por natureza, já o orgulho que nos separa é opcional.
Gociante Patissa
Gociante Patissa
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