Recorri ao ATM (ou terminal multicaixa) do aeroporto da Catumbela para dar de comer o modem, dependente que andamos dessa coisa chamada Net. Meia hora depois, já a passar a Damba-Maria (ou 27) em direcção a Benguela, dou pela ausência do recibo da recarga. Na verdade, não me lembrava de ter visto mesmo o papel. Acabava de perder quatro mil e quinhentos kwanzas, equivalentes a USD 45. Aconselhado pelos colegas, fiz uma inversão de marcha. Lá postos, abordamos ao longe o David, vinte e poucos anos, de natureza cordata, responsável pelo turno da empresa que tutela o aeroporto. “O meu saldo”, cobrou, um tanto brincalhão, um dos colegas. “De quanto?”, replicou o David. “De quatro e meio”, completamos. “Ah, está aqui”, e lá retirou-o do bolso. “Eu vi, quase falei com os colegas, mas como as pessoas gostam de se aproveitar, decidi calar. Pensei assim: se o dono for alguém daqui, vai voltar, e aí eu entrego”. Nesta blogosfera dominada pela indignação legítima diante da corrupção e má conduta, seria injusto não homenagearmos gestos de honestidade, já que, multiplicados, dar-nos-iam certamente uma sociedade melhor.
domingo, 23 de junho de 2013
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» Dos poucos honestos, espécie em vias de extinção
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