Calor é quando tudo se ressente porque a natureza se esqueceu de soltar vento, pura má fé.
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
Agenda cultural
A escritora Isabel Ferreira vem a Benguela lançar o livro infantil "O Coelho Matreiro" no próximo dia 2 de Março, acto que terá lugar no salão auditório da Rádio Benguela, às 9 da manhã.
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013
terça-feira, 26 de fevereiro de 2013
E se a polícia prestasse mais atenção à forma como camiões transportam contentores?
O asfalto que liga Benguela ao Lobito (estrada nacional número 100) esteve intransitável por algumas horas da tarde de hoje, 26/02, nas imediações do Estádio Nacional de Ombaka, depois de um contentor de 40 pés se ter soltado do camião que o transportava. Ao que constou, o problema deveu-se à inobservância dos procedimentos de segurança, já que o contentor não esteve parafusado ou assegurado com cinta ao trailler, negligência cada vez mais frequente, entretanto longe de merecer intervenção da polícia.
Quando dinheiro poupado é dinheiro ganho
Quando se elogia uma instituição por esta ter feito a sua obrigação, é apenas um indicador do muito que há ainda por fazer, do ponto de vista do exercício da cidadania, no que à oferta de serviços diz respeito. Hoje por exemplo, juntei as facturas pagas e me meti a caminho do centro de cobranças da Empresa de Água e Saneamento de Benguela. Nas minhas contas, tinha a pagar sete meses, de Agosto do ano passado a Janeiro do presente. Eis que a fiscal me disse que não estavam taxados Agosto e Setembro, dada a falha registada no fornecimento de água naquele período no bairro 11 de Novembro, algo de que aliás eu já não me lembrava. O elogio vai portanto para a EASB, que se lembrou de não cobrar por um serviço que não forneceu.
Simeão Chimbinda aconselha estudo sobre atribuição de nomes
Fonte: Voz da América — “O Nome na identidade Umbundu. Contributo Antropológico” é o título da mais recente obra escrita pelo Padre e Antropólogo Jorge Simeão Ferreira Tchimbinda.
A obra segundo o autor é um contributo à onomástica bem como à identidade cultural dos povos de Angola, principalmente os falantes da língua Umbundu.
O desrespeito às normas gramaticais da língua (relativamente ao número e ao género) no acto de atribuição de nomes e apelidos motivaram o Padre Simeão Tchimbinda a fazer uma pesquisa aturada sobre o assunto, o que resultou na publicação desta obra em 2009 esclarecedora desta problemática.
O Sacerdote subdividiu em três grupos os nomes quanto ao género na língua Umbundu:
1. Os que devem ser atribuídos apenas aos rapazes (que têm nas iniciais Sa, Se ou So).
2. O segundo grupo é constituído pelos nomes aplicados somente a pessoas do género feminino (têm como iniciais Na, Ne e Nó).
3. O terceiro é composto pelos Uniformes, que tanto servem para homens como para mulheres.
No seu livro, cuja reedição está para breve, o Padre Simeão Tchimbinda faz referência à atribuição do nome aos recém-nascidos, de acordo com a lei angolana.
Segundo a lei angolana os nomes próprios ou pelo menos um deles deve ser em língua nacional ou em língua portuguesa. Mas, muitos são os cidadãos que se deparam com uma constante rejeição de nomes, sejam nacionais ou estrangeiros em muitas conservatórias do país, em desrespeito à identidade e à cultura de alguns povos.
O Antropólogo Simeão Chimbinda aconselha um melhor estudo e divulgação da lei sobre atribuição de nomes para se evitar atritos inúteis.
A atribuição de nomes na cultura umbundu, segundo o autor é descontínua, diferente da cultura europeia que impôs aos angolanos o conceito de apelido, que em muitos casos representa um atropelo à gramática.
Para o sacerdote o acto de nomeação configura uma compensação para os povos do sul de Angola.
Ainda neste livro, o sacerdote aponta alguns aspectos que põe em perigo às regras de atribuição de nomes na Língua umbundu com a imposição de apelidos.
segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013
Umbilical pára-quedas
Se voar é de asas abertas
Em replay põem-se a nu as cicatrizes.
Tudo é nada mais senão o vento
que faz assobiar e sublima cantos
tocar o céu pelo penteado da montanha
até ceder à lei de gravidade
Houve sempre uma mão
houve sempre uma mãe.
Gociante Patissa, in «III Antologia de Poetas Lusófonos», 2010. Folheto Edições e Design, Leiria - Portugal
Em replay põem-se a nu as cicatrizes.
Tudo é nada mais senão o vento
que faz assobiar e sublima cantos
tocar o céu pelo penteado da montanha
até ceder à lei de gravidade
Houve sempre uma mão
houve sempre uma mãe.
Gociante Patissa, in «III Antologia de Poetas Lusófonos», 2010. Folheto Edições e Design, Leiria - Portugal
domingo, 24 de fevereiro de 2013
Criando condições
Sei que há gente impaciente, pois já passei dos 30 anos, e nada de esposa e filhos. Na verdade, estou engajado em criar condições. Posso dizer de boca cheia que pelo menos os carros para o cortejo nupcial já existem, como aliás ilustra a foto. Agora, a data é que é um problema ainda; não sei se levo em conta o calendário "gregoriano", ou o "juliano".
Pronto, até lá.
HEBRAICO, UM IDIOMA DE «SETE VIDAS»
Placard na praia do Mar Morto |
Daniel Victor, In
«Semanário Angolense», pág. 44-45. Edição 503, 23/02/2013
Natural do Brasil, Maria Ribeiro (nome fictício) tem
nacionalidade israelita, prerrogativa que as autoridades levam a cabo para estimular
o regresso de judeus espalhados pelo mundo. Na casa dos 60 anos de idade, a bióloga
aposentada dedica-se à tradução de textos do português para o hebraico, e vice-versa.
«Não é um idioma nada fácil! Vim aqui com trinta anos, mas ainda
hoje preciso que um amigo faça correcção das coisas que traduzo. Não me sinto tão
segura como no português», confessa a nossa interlocutora.
Seria tautologia dizer que o hebreu é a língua predominante
na terra hebraica, mas tal realce tem justificação, já que deixou de ser falada
por volta de 200 E.C., relegada que foi ao papel residual, digamos assim, na
liturgia, na filosofia e na literatura dos judeus.
De acordo com dados da página oficial da Embaixada Israelita
em Angola, foi no limiar do século XIX que o hebreu se viu reconhecido como
idioma nacional pela Administração do Mandato Britânico, ao lado do inglês e do
árabe.O movimento de renascimento nacional, encabeçado pelo escritor Eliezer
Ben-Yehuda (1858-1922), via assim recompensada a sua luta, quer com o fim do
sionismo político, quer com a ascensão ao estatuto de idioma das instituições
judaicas e de seu sistema educacional.
Aliás, Ben-Yehuda coordenou boa parte dos 17 volumes que
conformam o Dicionário Completo do Hebraico Antigo e Moderno, iniciado em 1910
e finalizado por sua família em 1959. De oito mil palavras no vocabulário dos
tempos bíblicos, a língua viria a alargar-se para mais de 120 mil. Não sendo por
mero acaso que o hebreu se impõe em tempos modernos num país com menos de dez
milhões de habitantes, é fruto de um investimento cuidado. A par da Academia da
Língua Hebraica, fundada em 1953, é relevante o papel do Instituto para a Tradução
da Literatura Hebraica, criado em 1962.
Os primeiros escritores nascidos no país começaram a
publicar na década de 1940, marcando a «geração da Guerra da Independência», da
qual fazem parte S. Yizhar, Moshe Shamir, Hanoch Bartov, Haim Guri e Binyamin
Tammuz.
Contudo, só quatro décadas mais tarde a literatura hebraica
viria a conquistar fama internacional, através de nomes como Aharon Appelfeld,
David Shahar, David Grossman e Meir Shalev, movidos pela crença de que a
literatura capacita os leitores a uma melhor compreensão de si mesmos,
individualmente ou como parte do meio ambiente.
Olhando para as características do Novo Sheckel de Israel
(Nis), como passou a chamar-se a moeda do país hebreu a partir de 1985, encontramos
na nota de 50 Nis a efígie do Prémio Nobel da Paz em Literatura 1966, o
escritor Samuel Agnon. Está também um poema de intervenção em hebraico,
extracto do seu discurso de aceitação do prémio.
Num país marcadamente religioso, haverá com certeza vozes discordantes
quanto à presença de tal poema com palavras sagradas, sabendo que o dinheiro é
passível de ser usado em transacções escusas. De qualquer modo, não deixa de
ilustrar a elevação que a poesia mereceu das autoridades, um tributo ao valor
da literatura para a humanidade.
sábado, 23 de fevereiro de 2013
Poesia de José Inácio Vieira de Melo
Epigrama para Cecília
Uma folha, no interior, quer ser móvel.
Por isso espera pelo golpe do vento
Decepadas as amarras, leve voa:
Pássaro dentro do sonho – o sonho dentro.
José Inácio Vieira de Melo, in «Pedra Só», pág. 80. Escrituras. São Paulo, Brasil 2012
Nota: É um livro que me chegou de oferta através da minha caixa posta 1041-Benguela. Em «Pedra Só», a vivência da fazenda agropecuária e a crença cristã são elementos de forte presença. Esta é a percepção que se tem logo ao folhear as primeiras páginas, o que já no fim ganha confirmação no texto que podemos bem chamar de posfácio.
Entre o acervo publicado pelo autor, conforme se lê na nota biográfica, destaca-se o Prémio Capital Nacional de Literatura 2005, com a obra «A Terceira Romaria» (Salvador: Aboio, Livre Edições, 2005). Mais sobre o autor pode ser encontrado no seu blogue: www.jivmcavaleirodefogo.blogspot.com
sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013
Uma epopeia chamada Oscar "Pistola", ou quando exercício do direito não passa de manobras onde tudo é comprável
Foto de autor desconhecido |
Depois de desiludir milhares de fãs pela sua mais recente aparição mediática, Oscar "Pistola" e família festejam primeira batalha de seus advogados em tribunal, que tem a ver com a "compra" por 1 milhão de rands da decisão de aguardar julgamento em casa, marcado inicialmente para Junho. Do lado da falecida, a decisão provoca incredulidade e resignação, pois não é todos os dias que alguém mata a própria namorada com quatro tiros da cabeça e derrama lágrimas de inocente em tribunal. É digno de narrativa de comédia confundir a própria namorada com assaltantes, no exacto momento em que ela está a usar a casa de banho. Mais impressionante ainda é a precisão com que é atingida à porta fechada. Só falta mesmo condenar a morta pela sua própria morte aos 30 anos. Definitivamente, se não desse certo no atletismo, o sul-africano Oscar Pistorious, até há pouco um símbolo de resiliência enquanto amputado das duas pernas que competia com pessoas "normais" aos 26 anos, dava num bom pistoleiro. Para reter aqui a indignação da outra parte, tudo o que se quer é a verdade, porque qualquer que seja a decisão já não devolverá a vida da Reeva Steenkamp. Gostaria de no futuro ter de mudar de ideias, mas até lá...
Shame on you, Oscar "Pistola"!
Nota solta: SOCIOLOGIA DO PORTÃO HOSPITALAR
Estive
ontem entre 18h30-20h30 ao portão do Hospital Geral de Benguela, fazendo
companhia a parentes meus que têm lá dentro alguém internado. Não sendo propriamente
horário de visitas, só uma pessoa entrou com o jantar do doente.
As
duas horas sugeriram que, mais do que simples portão, é um potencial laboratório
de sociologia. À primeira vista, a questão parece residir na arrogância do protector
físico, de uma empresa privada cujo emblema não consegui divisar. Mas em
instantes se percebe que não é o lugar mais feliz para guarnecer, de tão
intenso e estressante na relação com o público, onde a solidariedade, a
agressividade e a falta de moral de quem procura os serviços se confundem em
certa medida, nada facilitando a organização.
Pelo
menos dez viaturas manifestaram intenção de passar o portão, em alguns casos sem
motivo aparente, que seria, por exemplo, estar a transportar doente ou ser
funcionário do hospital (houve um rapaz inclusive ao volante de uma moto de
quatro rodas). Os seis primeiros foram permitidos, quase a contra-gosto, até um
senhor de RAv-4 posicionar-se mesmo no acesso, bloqueando a via para a
ambulância que deixava as instalações para mais um serviço de urgências. Escusado
será dizer que o guarda foi ralhado.
Alguns
automobilistas são de uma classe social superior à do guarda, não se coibindo de
usar sinal sonoro para impor sua vontade, o que obviamente contribui
para certa impotência do homem perante os excessos e impunidade. Mas se fosse
só por aí, diríamos que se trata de uma situação controlada. Como será a
relação do guarda com gente menos abastada, com a qual diríamos que mais se
identifica?
Chega
depois uma mãe com criança em estado grave às costas, a bordo de kupapata (moto-táxi).
Só que com ela vêm outras seis motorizadas, na típica solidariedade Bantu, contrastando
com o que é sensato nesta circunstância. O guarda deixa passar o kupapata da mãe
e criança doente. Outro kupapata do mesmo grupo trespassa com uma menina de não
mais de 13 anos, que sinceramente não sabíamos bem que relevância teria lá
dentro. O guarda fecha o portão, para o desagrado do pai da criança doente, ele
também transportado por kupapata. O que se seguem são agressões verbais de quem
se sente no direito de levar para dentro do hospital todo o grupo que o
acompanha na hora difícil.
Pouco
depois, outra família chega com criança doente, igualmente a bordo de kupapata.
A motorizada da mãe é permitida, não a do pai. E lá está o senhor a despejar incisivos disparates
sobre o guarda, que também é humano (ex-militar?) e promete retalhar com
bofetadas, pontapés e uso de arma de fogo (que não a tinha, até onde deu para
ver).
Longe
de colocar o guarda hospitalar no centro das virtudes, digo apenas, como quem
trabalha no atendimento público, que urge encurtar os turnos naquela posição de
permanente rótulo de carrasco. A sugestão é uma renda em cada três horas, e não
doze como presumo ocorrer. Só que, como sempre, se eles reclamam, correm o risco de perder o ganha-pão. É como ironizava o outro, o
trabalho dignifica (quando não danifica) o homem.
Gociante
Patissa, Benguela 22 Fevereiro 2013
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013
terça-feira, 19 de fevereiro de 2013
segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013
PEDRO MANUEL, UM ADIDO DE IMPRENSA A TER EM CONTA
Nascido nas terras da Huila, este jornalista da Rádio Nacional de Angola chamado Pedro Manuel está emprestado à diplomacia em Israel, uma vivência que conta nove anos, quase se confundindo com a abertura da Embaixada angolana por aquelas paragens do médio oriente. Durante a presença da delegação de escritores no âmbito da Feira Internacional do Livro em Jerusalém (9-17/02/2013), Pedro Manuel foi irrepreensível nos contactos, algumas vezes no papel de cicerone, repartindo-se na comunicação para estreitar a ponte entre os compatriotas e o mercado local, ora em inglês, ora em árabe, ora em hebreu. Não há dúvidas de que ele tenha dedicado à delegação parte do tempo e a atenção que seriam reservados à sua família. É certo que estava a fazer apenas o seu trabalho de adido de imprensa e cultura, mas é precisamente por esse passo extra ao fazer o seu trabalho que deixo aqui expressa a minha gratidão (não podendo obviamente falar pelos demais colegas). Obrigado, compatriota Pedro Manuel, espero voltar a ver-te!
Gociante Patissa
domingo, 17 de fevereiro de 2013
DA JANELA EM TEL-AVIV
Saem abraçados do restaurante vidrado à doca da cidade centenária, passos conforme o compasso das ondas de um bravo mar. O céu, até há pouco cinzento, cai. Ela não corre, ele muito menos. É já fim de tarde. Está frio, incisivo mesmo. Longe do carro, não próximo de casa. E beijam-se. Quem se escuda agora é a chuva.
sábado, 16 de fevereiro de 2013
Choveu a sair de Jerusalém, e Tel-aviv deu-me esta vista da janela do hotel
Segundo dados que consegui recolher, o salário mínimo nacional em Israel é de 1.200 USd (mil e duzentos dolares americanos) o que, em meu entender, contribui para se ter um mercado muito caro. Definitivamente, não é um bom lugar para compras. Andei pelo supermercado e, uma vez mais, voltei desiludido. Não encontrei um par de sapatilhas de jeito, excepto na Timberland onde um casaco de couro está acima de quinhentos USD, calças jeans acima de 200 usd, enfim...
Haverá algo melhor e mais animado na despedida de Jerusalém do que reencontrar Concha Fernández Martín, jantar e sair para o cinema com ela? Foi memorável!
Concha foi representante da ONG espanhola, Médicos do Mundo, na província de Benguela entre 2006-2010, instituição que chegou a financiar/apoiar o programa radiofónico "Viver para Vencer" (emitido através da Rádio Morena) e o Boletim informativo, educativo e cultural, "A Voz do Olho", veículos de informação para a cidadania que coordenei/editei ao serviço da AJS. Vai daqui o mesmo abraço com o sol de Angola!
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013
FEIRA INTERNACIONAL DO LIVRO EM JERUSALÉM ENCERROU HOJE
Pierrre Lavi, editor da versão hebraica da antologia, o Embaixador José João Manuel e os escritores |
Caiu o pano sobre a 26ª edição da Feira Internacional do Livro em Jerusalém, que teve lugar de 10 a 15 de Fevereiro no Centro Internacional de Convenções na capital de Israel. Durante cinco dias, cerca de duas centenas de bancas representaram 14 países, fomentando-se deste modo o intercâmbio entre escritores, editores e livreiros. Pela comunidade que se expressa em português estiveram Angola, Brasil e Portugal.
O certame tem periodicidade bienal, cabendo à embaixada de cada país encetar contactos e assegurar a componente logística para marcar presença nesta tribuna, o que se encaixa no conceito de diplomacia cultural.
Na segunda participação de Angola, a União dos Escritores Angolanos fez deslocar uma delegação constituída pelos escritores Frederico Ningi, E. Bonavena e Gociante Patissa, co-autores da antologia de contos "Balada dos Homens que Sonham", organizada por António Quino e traduzida para hebraico. De Portugal vieram os escritores José Luis Peixoto e Lídia Jorge, que enquadraram na programação do evento comunicação formal com o público.
escritora Portuguesa Lídia Jorge e o trio angolano |
Instituída em 1963, a Feira Internacional do Livro na capital hebraica tem periodicidade bienal, altura em que se premeia um escritor cuja obra “expresse a ideia de liberdade do indivíduo na sociedade”. Na presente edição, coube o galardão ao espanhol Antonio Muñoz Colina, 57 anos, que sublinhou na ocasião que “a literatura não é produzir conteúdos”, pois em seu entender, “contar histórias não é senão um meio de nos mantermos vivos”.
(Foto 1: Pierrre Lavi, esq., editor da versão hebraica da antologia, o Embaixador José João Manuel e os escritores/ Foto2: escritora Portuguesa Lídia Jorge e o trio angolano - Fotos disponibilizadas pelo Adido de Imprensa, Pedro Manuel).
NA SEQUÊNCIA SOBRE O NEGÓCIO DE RENT-A-CAMELO, PORQUÊS E PARA QUÊS DA IDEIA PARA ANGOLA:
1º evita acidentes: não tem excesso de velocidade;
2º evita zangar-se com kupapatas: eles podem passar por baixo como se de ponte se tratasse;
3º económico no consumo de combustível: só bebe água, ainda por cima uma vez por semana;
4º não te arranja problema com polícias: anda tão devagar que não cai no radar;
6º não te faz odiar a chuva: passa bem nas lamas do guetto
7º manutenção barata: não te leva ao mecânico nem ao bate-chapas.
Quer dizer, com um camelo, é só rir! (fotos de Frederico Ningi)
Nota solta: MOEDA DE ISRAEL RESSALTA VALOR DA LITERATURA PARA HUMANIDADE
Olhando
para as características do Novo Sheckel de Israel, como passou a ser designada
a moeda do país hebreu a partir de 1985, encontramos na nota de 50 Nis a efígie
do Prémio Nobel da Paz em Literatura 1966, o escritor israelita Samuel Agnon.
Está também um poema, extracto do seu discurso de aceitação do referido prémio,
o qual (mal ou bem) trazemos aqui traduzido para português:
“Como
resultado da catástrofe histórica em que Tito de Roma destruiu Jerusalém e
Israel foi desterrada, nasci numa das cidades do Exílio. Mas sempre me
considerei como um homem que nasceu em Jerusalém. Num sonho, de uma visão de
noite, vi-me de pé, com meus irmãos-levitas no Templo Sagrado, cantando com
eles as músicas de David, rei de Israel, melodias que nenhum ouvido registara desde
o dia em que nossa cidade foi destruída e seu povo exilado. Eu suspeito que os
anjos responsáveis pelo Santuário de Música, temendo que eu cantasse na
vigília o que tinha cantado em sonhos, fizeram-me esquecer de dia o canto da
noite, pois se meus irmãos, filhos do meu povo, o ouvissem, não
seriam capazes de suportar o seu sofrimento sobre a felicidade que perderam.
Para consolar-me por me terem impedido de cantar com a minha boca, eles
permitem-me a compor músicas por escrito”.
Num
país marcadamente religioso, haverá com certeza vozes discordantes quanto à
presença de tal poema na nota, dado o carácter sagrado das palavras que o
compõem, considerando que o dinheiro passa por muitas mãos e é passível até de
ser usado na compra de coisas escusas. De qualquer modo, não deixa de ilustrar
a elevação que a poesia mereceu das autoridades, um tributo ao valor da
literatura para a humanidade.
Gociante
Patissa, Jerusalém 15 Fevereiro 2013
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013
quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013
Metáforas daqui
"Quando falamos de igualdade de gênero, é necessário discernimento com base nas leis da natureza. Seria burrice dar ao leão e ao lobo a mesma quantidade de comida; o leão comeria o que é seu, a comida do lobo e o próprio lobo" (de uma cidadã brasileira-israelita).
terça-feira, 12 de fevereiro de 2013
Serviço militar obrigatório em Israel é sem remuneração
O
serviço militar obrigatório em Israel vai dos 18 aos 21 anos de idade para rapazes
e raparigas. Durante este tempo não recebem remuneração, algo a que só os
militares de carreira têm direito. Palestinos que residem no território sob
jurisdição israelita (e por via disso cidadãos nacionais) alistam seus filhos
no exército, mesmo que, pelo que nos foi dado a saber, não lhes seja tão
obrigatório assim. A questão é que há uma série de vantagens e oportunidades na
sociedade, as quais o Estado reserva a quem tenha honrado a pátria, neste caso
do ponto de vista de segurança e integridade territorial. Quanto à foto, bem,
foi no rio Jordão, na fronteira entre Israel e Jordânia, precisamente no lugar (hoje
turístico) onde, segundo a história cristã, Jesus Cristo recebeu de João
Baptista o baptismo. Esses tropas puseram-se em sentido, logo que viram a minha
postura de general. Eu ainda lhes disse que não era necessária tanta deferência,
mas sabem como é, né?! Há puxa-saco (lambe-botas) em todo o lado. E pronto, bastava dizer "à direita volver", eles obedeciam…
segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013
Notas soltas: O SÁBADO E AS CONTAS DO CASAMENTO ENTRE OS JUDEUS (foto tirada na cidade velha, nas bandas do calvário, o santo sepulcro onde, segundo a história, Jesus foi crucificado)
Chegamos
a Jerusalém na madrugada de 9 de Fevereiro, após umas doze horas no total, num
voo que ligou Luanda a Adis Abeba (Etiópia) e findou em Tel-Aviv, onde nos
esperava o táxi para o nosso destino. Fomos para a cama com a impressão de
estarmos numa cidade calma, que a mim lembrava o Namibe. Engano.
Quando
nos reunimos de tarde, já com a presença do Adido de Imprensa da embaixada
angolana (esta com sede em Tel-Aviv), ficamos a saber que Jerusalém tem bairros
consoante as comunidades religiosas, as quais interagem mas não se misturam.
Pelo
menos na parte da comunidade judia, que é a maioria, quase tudo pára aos sábados.
Para almoçar, tivemos de ir à área dos árabes/muçulmanos, para quem o dia
sagrado é sexta-feira. Há uma outra religião ainda que adora à quinta-feira.
Como
dizia, conforme o velho testamento (a base do Tora, o livro sagrado dos
hebreus) prevalece o respeito pelo sábado, ao ponto de as instituições
(incluindo restaurantes, lojas e quiosques) simplesmente não abrirem. Ou seja,
abrem quando o sol se põe. No Jerusalém Gate Hotel, por exemplo, dois
elevadores foram concebidos para o Shabbat, palavra hebraica para dizer sábado.
Funcionam automaticamente, à base de sensores, porquanto quem respeita o sábado
não pode trabalhar, e isso inclui premir o botão para descer ou subir o
elevador. Os judeus fervorosos, segundo relatos, não conduzem, havendo mesmo
quem não atenda o telefone até o dia morrer.
Por
outro lado, o ciclo menstrual coloca a mulher na condição de “impura”. Contam-se
os primeiros sete dias após aparição da menstruação, mais os sete dias que se seguem.
Não pode ser “tocada”. Não havendo certeza quanto a estar em prática, ou não,
ainda hoje, ficamos a saber de um procedimento curioso. Quando fosse para casar,
a nubente ia ter com a mulher do rabino (entenda-se líder da sinagoga). A
mulher do rabino cuidava então de saber em que dia do mês o ciclo da nubente
aparecia, para daí marcar-se o casamento de modo a calhar 15 dias depois. Assim,
evitava-se o constrangimento de a noite de núpcias coincidir com corrimento
menstrual, mas, principalmente, porque é/era importante fazer com que a
primeira noite do casal ocorra no período fértil. Deste modo, o primeiro filho
do casal nasceria 34 semanas após o matrimónio.
Sali
po ciwa (passar bem)
Gociante
Patissa, Jerusalém 11 Fevereiro 2013
domingo, 10 de fevereiro de 2013
Feira do Livro em Jerusalém homenageia escritor espanhol Antonio Muñoz Colina. Cerimónia de abertura presenciada pelo presidente israelita, Shimon Peres
S. Peres e escolta. |
Abriu
as portas ao público a 26ª edição da Feira Internacional do Livro em Jerusalém,
capital de Israel, aproximando editores, escritores e livreiros de 14 países da
África, Europa, Ásia e América. Angola, Brasil e Portugal partilham o pavilhão da
comunidade de falantes da língua portuguesa.
No
discurso de abertura, o chefe de estado israelita e Prémio Nobel da Paz, Shimon
Peres, destacou a aspiração de fazer de Jerusalém “a capital do livro”, ao que
associou a relevância da “paz no coração de cada um”. Em boa forma física, o
octogenário usou do bom humor para a advertência que se impõe quanto ao cultivo
do hábito de leitura. “Na era do facebook, ainda se podem ler livros em
Jerusalém”, referiu.
Instituída
em 1963, a Feira Internacional do Livro em Jerusalém tem periodicidade bienal,
sendo que cada ocasião premeia um escritor cuja obra “expresse a ideia de liberdade do
indivíduo na sociedade”. Na presente edição, coube o galardão ao espanhol Antonio
Muñoz Colina, 57 anos. Colina sublinhou que “a literatura não é produzir
conteúdos”, pois “contar histórias não é senão um meio de nos mantermos vivos”.
A. Colina |
Avaliado
em dez mil dólares americanos, o prémio consagrou também Bertrand Russel
(1963), V.S. Naipaul (1983), Mario Vargas Llosa (1995) e António Lobo Antunes
(2005), para não nos alongarmos na lista.
A
Feira Internacional do Livro em Jerusalém decorre até à próxima sexta-feira,
15/02. No pavilhão da língua portuguesa, o espaço será ainda animado com a presença
dos escritores José Luis Peixoto e Lídia
Jorge (Portugal), Frederico Ningi e E. Bonavena (Angola), entre outros.
Gociante
Patissa, Jerusalém 10 Fevereiro 2013.
sábado, 9 de fevereiro de 2013
Passeando pela conhecida por Terra Santa
Uma curiosidade da arquitectura: em Jerusalém, a pintura de exteriores em residência quase não existe. O revestimento em pedra é obrigatório para se preservar a tradição milenar. De sorte que do ponto de vista da cor, não há cá nada berrante.
A partir do Monte das Oliveiras, de onde se pode ver o terreno de rivalidade histórico-religiosa que opõe Judeus e Muçulmanos há muitos anos
Reza a história que depois de duras pelejas, os seguidores de Maomé conseguiram ocupar aquele terreno da parte leste da cidade de Jerusalém, derrubando a sinagoga dos Judeus, e erigiram duas mesquitas suas. Não se conformando com a perda, mas também sem partir para o derrube das mesquitas agora que têm o poderio militar e político sobre a região, o que causaria certamente uma "guerra mundial", os Judeus limitaram-se a instalar no alçado posterior o que conhecemos por "muro das lamentações", ritual que se caracteriza por orações e um alimentar da crença de que o Messias chegará para repor a justiça.
Um abraço
sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013
quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013
PARA DEBATE - Q1: Quando se contratam chineses e vietnamitas para construção, quer em obras públicas, quer em obras particulares, qual é a referência em que nos baseamos para lhes confiar a nossa empreitada?
Q2: Que trazem eles para convencer o cliente, um certificado, um curriculum vitae, um prospecto, recomendação de alguém, fotos de obras anteriores, ou simplesmente ficamos pela boa fé (aparência) destes “nossos irmãos” asiáticos?
Q3: É realista falarmos em garantias, tendo em conta o binómio «custos e resistência dos materiais»?
Ao contrário do que foi noticiado pela imprensa, ENTENDIMENTO ENTRE GREVISTAS E ENTIDADE PATRONAL NA SHOPRITE DO LOBITO ESTÁ LONGE DO ALCANCE. Loja grande voltou a fechar as portas ao público
Quando a
reportagem dos Blogs Angodebates e Ombembwa chegou à
Shoprite, acabava de chegar também uma delegação do Sindicato do Comércio,
composta por dois elementos cujos nomes vamos omitir. A saudação entre a comissão
sindical e o "padrinho" foi com slogan evocando o respeito pelos
direitos dos trabalhadores daquela multinacional sul-africana. Seguiram-se
palmas, depois de a delegação ter anunciado estarem em curso contactos para
advocacia junto do Governo Provincial de Benguela, a caminho de um mês em
greve.
Ao nosso pedido de autorização para fotografar, a reacção foi positiva:
"esse é jornalista", disse um em jeito de conter os que se vissem
intrigados com mais uma máquina fotográfica, mais uma, quando a solução tarda.
"Tinham dito que enquanto os sócios analisam, os grevistas deviam retomar;
a loja abriu no sábado, mas na terça-feira, quando viemos preparados para
trabalhar, o patrão mudou outra vez de ideia", revelou um integrante da
comissão sindical, denunciando alegada intenção da entidade patronal em violar,
uma vez mais, diz ele, a lei: "O que eles querem é expulsar quem
participou da greve".
A entidade patronal, com a qual não chegamos a ter contacto, é acusada de ser
insensível às reivindicações dos trabalhadores, por sinal protegidas pela lei
geral do trabalho. É-lhe ainda atribuída postura arrogante, uma vez que evita
o mecanismo do diálogo.
Naquele estabelecimento comercial, a média salarial anda abaixo dos 30 mil
kwanzas, não tendo os trabalhadores assistência médica nem complemento
alimentar, quando, curiosamente, fazem parte do seu segmento de negócios
refeições no estilo take-away. "Quer dizer, a pessoa serve comida, mas não
pode comer", ironiza um dos curiosos no recinto.
Já a abandonar o local, fomos abordados por um dos integrantes da delegação do
Sindicato do Comércio, a quem de imediato explicamos a finalidade das fotos.
Este rematou: "Façam o vosso trabalho, mostrem ao mundo que estes
angolanos aqui são vítimas de injustiça". Aquele sindicalista sénior foi mais
longe: "Dão no duro, e no fim do mês são descontados arbitrariamente.
Quando tentam reclamar, o gerente nunca sabe explicar. Parece haver uma rede
entre Lobito e Luanda na gestão de recursos humanos", acusou.
Gociante Patissa, Lobito 6 Fevereiro 2013
terça-feira, 5 de fevereiro de 2013
segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013
4 de Fevereiro de 1961 é o marco da ruptura com a opressão colonial portuguesa em Angola. "É estupidez amar os grilhões, ainda que sejam de ouro." (Robert Burton)
O trabalho forçado e obediência ao estrangeiro, associados à negação de si próprio enquanto ente indígena, foram a base da prosperidade da economia colonial portuguesa. |
Vem aí o partido político "MAMOD", no caso, a viúva do PAPOD, extinto nas eleições de 2012 por pobreza de votos
Há quem faça das tentativas eleitorais (e o dinheiro para campanha) uma profissão, como se pode ler nesta notícia
domingo, 3 de fevereiro de 2013
Será resposta da multinacional IURD?
«Quantas vezes, assim como o apóstolo Paulo, somos tidos “como enganadores e sendo verdadeiros; como desconhecidos e, entretanto, bem conhecidos; como se estivéssemos morrendo e, contudo, eis que vivemos; como castigados, porém não mortos; empobrecidos, mas enriquecendo a muitos; nada tendo, mas possuindo tudo” (2 Coríntios 6.8‑10)». (achado no seu sitehttp://bpdias.com/)
Finalmente uma tomada de posição para travar os excessos da Igreja Universal do Poder da Propaganda Mediatizada - Executivo responsabiliza e suspende actividade da Igreja Universal
Foto: autor desconhecido |
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