Olhando
para as características do Novo Sheckel de Israel, como passou a ser designada
a moeda do país hebreu a partir de 1985, encontramos na nota de 50 Nis a efígie
do Prémio Nobel da Paz em Literatura 1966, o escritor israelita Samuel Agnon.
Está também um poema, extracto do seu discurso de aceitação do referido prémio,
o qual (mal ou bem) trazemos aqui traduzido para português:
“Como
resultado da catástrofe histórica em que Tito de Roma destruiu Jerusalém e
Israel foi desterrada, nasci numa das cidades do Exílio. Mas sempre me
considerei como um homem que nasceu em Jerusalém. Num sonho, de uma visão de
noite, vi-me de pé, com meus irmãos-levitas no Templo Sagrado, cantando com
eles as músicas de David, rei de Israel, melodias que nenhum ouvido registara desde
o dia em que nossa cidade foi destruída e seu povo exilado. Eu suspeito que os
anjos responsáveis pelo Santuário de Música, temendo que eu cantasse na
vigília o que tinha cantado em sonhos, fizeram-me esquecer de dia o canto da
noite, pois se meus irmãos, filhos do meu povo, o ouvissem, não
seriam capazes de suportar o seu sofrimento sobre a felicidade que perderam.
Para consolar-me por me terem impedido de cantar com a minha boca, eles
permitem-me a compor músicas por escrito”.
Num
país marcadamente religioso, haverá com certeza vozes discordantes quanto à
presença de tal poema na nota, dado o carácter sagrado das palavras que o
compõem, considerando que o dinheiro passa por muitas mãos e é passível até de
ser usado na compra de coisas escusas. De qualquer modo, não deixa de ilustrar
a elevação que a poesia mereceu das autoridades, um tributo ao valor da
literatura para a humanidade.
Gociante
Patissa, Jerusalém 15 Fevereiro 2013
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